O Padre Zezinho, sacerdote conhecido no meio católico por conta de sua carreira musical, declarou que vai se ausentar de suas redes sociais, retornando apenas após o segundo turno das eleições. A decisão se deu em decorrência das ofensas lançadas contra ele e demais lideranças católicas em maior parte por militantes bolsonaristas, especialmente após a visita de Jair Bolsonaro à Basílica de Nossa Senhora Aparecida, no último dia 12.
Em seu comunicado, o líder religioso faz críticas ao radicalismo nas militâncias dos dois presidenciáveis, sem citar nomes. “Já escolheram ser catequizados por dois poderosos políticos brasileiros. (…) Acharam candidatos mais católicos do que Papas e bispos , cujos documentos nunca leram . A Bíblia nada lhes diz . Só conhecem as passagens políticas que ajudem o seu partido. Padre bom é o que vota como eles”, declarou.
Padre Zezinho chamou a atenção para o fato de tanto ele quanto o papa Francisco e os bispos católicos serem constantemente associados por militantes de extrema direita ao comunismo. “Continuam a dizer que sou mau padre, que sou comunista e que sou traidor de Cristo e da Pátria porque ensino doutrina social cristã. Espero que estes católicos irados que desqualificam qualquer bispo ou padre que ousa ensinar um fiel a pensar como católicos, consigam o que querem. Querem um Brasil direitista ou esquerdista, porque está claro que não aceitam nenhuma pregação moderada que propõe diálogo político , social e ecumênico”, apontou.
O sacerdote também anunciou que, após as eleições, pretende voltar “a conversar com os católicos serenos que ainda querem catequese espiritual e social e comportamental. Os outros já decidiram. Não querem estes livros que usamos para ensinar a fé católica”. Os que optam pelo radicalismo político, ao seu ver, “não querem catequese, nem o Vaticano II, nem os documentos da CNBB [Convenção Nacional dos Bispos do Brasil] , nem nenhuma orientação social e espiritual”.
O pronunciamento se deu em meio a uma disputa entre Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL) pelo eleitorado católico, onde a estratégia do atual presidente acabou amargando sua relação com a Igreja. Durante sua visita à Basílica de Nossa Senhora Aparecida no dia que leva o nome da santa, militantes acompanharam a missa do lado de fora, e lançaram ofensas ao bispo quando se pronunciou sobre a necessidade de combater a fome. Logo em seguida, tentaram agredir jornalistas da própria basílica, que filmavam a cerimônia. O episódio foi lamentado entre lideranças católicas, e Bolsonaro chegou a ser chamado de “agente de Satanás” pelo bispo Dom Mauro Morelli. (Por Lucas Neiva)
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