Responsável por 17% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial brasileiro e pela geração de mais de 1,6 milhão de empregos, o setor de óleo e gás abastece quase metade da oferta interna de energia. Diante disso, o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), organização focada em promover o desenvolvimento da indústria brasileira de petróleo, gás e energia em um ambiente competitivo e sustentável, promove a campanha Energia da Evolução. Por entender que o futuro compreende a combinação de energias renováveis e expertise do setor, defende-se a adoção da sustentabilidade na indústria como um princípio para alcançar a liderança na evolução energética.
“Este é um setor que movimenta praticamente toda a economia brasileira. Além disso, há essa preocupação com a descarbonização, um produto acessível, competitivo e com baixa pegada de carbono”, explica Roberto Ardenghy, presidente do IBP. “Nós somos uma verdadeira potência energética. Uma transição energética justa é você poder oferecer a sociedades menos favorecidas uma energia sustentável, mas que seja disponível e barata”.
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Por meio do desenvolvimento tecnológico, a indústria caminha em direção à menor emissão de carbono na evolução energética e conta com os biocombustíveis como aliados nesse cenário. Com uma combustão que emite 80% menos gases do efeito estufa do que outras alternativas energéticas, eles surgem como agente primordial para esta transição energética justa e para descarbonização.
O Brasil e os biocombustíveis
Nesse cenário, o Brasil desponta como potência por ser o segundo maior produtor de biocombustíveis do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Em 2023, foram produzidos mais de 72 mil metros cúbicos, o equivalente a 21,9% da produção mundial. O crescimento do segmento se reflete também no consumo energético do setor de transporte no Brasil: atualmente, 22,5% deste consumo é proveniente dos biocombustíveis.
O etanol e o biodiesel são exemplos de insumos produzidos pelo país, colocando-o à frente na evolução energética. Presente em veículos flex, o etanol também está presente na gasolina com uma parcela da mistura de etanol anidro, a fim de garantir menor emissão de gases. O biodiesel, por sua vez, feito a partir de óleos vegetais e gorduras animais, é um biocombustível misturado ao diesel fóssil.
Além desses, o país caminha em direção a alternativas ainda mais inovadoras, como o Diesel Verde, que, por ser quimicamente análogo ao diesel fóssil, não demanda modificações nos motores e nas estruturas dos veículos. Outro exemplo é o combustível de aviação sustentável (SAF), equivalente ao querosene de aviação, mas com emissão de gases bem menor.
Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), o papel do insumo como solução mais viável para a evolução energética se comprova pela estimativa da demanda mundial por biocombustíveis líquidos até 2030. O consumo diário, no cenário mais otimista aferido pela agência, é de 903 milhões de litros.
Para tal, são necessárias pesquisas e estudos para encontrar novas formas de reduzir a emissão de carbono, assim como políticas públicas focadas em fortalecer a indústria de óleo e gás, responsável pelos biocombustíveis. Tendo em vista o potencial de produção desta matriz energética, o Brasil estabelece três eixos de incentivo: mandato compulsório, o programa Renovabio e alíquotas diferenciadas.
O mandato compulsório, que já está presente desde o século 20, estabelece que, a fim de diminuir a emissão de carbono, biocombustíveis sejam misturados a combustíveis fósseis. No caso da gasolina A, uma porcentagem da mistura é de etanol anidro. No diesel, a adição obrigatória e gradual é com biodiesel.
Em vigor desde 2017, o Renovabio visa expandir a produção de biocombustíveis e cumprir os compromissos brasileiros firmados no Acordo de Paris por meio de metas anuais de descarbonização no setor de combustíveis. As alíquotas diferenciadas, por sua vez, correspondem a incentivos fiscais para biocombustíveis a fim de manter a competitividade com combustíveis fósseis.
Combustível do Futuro
Medida mais recente e que também se relaciona com a temática é a Lei do Combustível do Futuro. Sancionada em 8 de outubro, a norma tem como objetivo diminuir a emissão de carbono no setor de transportes. Em nota, o IBP apontou que o texto “reforça o compromisso do Brasil em liderar o processo de transição energética, promovendo investimentos em inovação e impulsiona o desenvolvimento e a utilização de biocombustíveis sustentáveis”.
Entre alguns pontos de avanço da matéria, destacam-se a criação do Programa Nacional de Combustível Sustentável de Aviação, a instituição do Programa Nacional de Diesel Verde e o aumento da porcentagem de etanol na gasolina. Ainda assim, o texto não contemplou outras formas energéticas, como a parcela renovável de biomassa coprocessada na produção de diesel. Além disso, a lei, por meio dos mandados de aquisição de biometano, pode prejudicar o preço e a competitividade do setor de gás natural.
“Acreditamos que a diversidade de rotas tecnológicas, com isonomia competitiva entre as diferentes alternativas, potencializaria os esforços para a descarbonização e beneficia os consumidores quanto a preço, qualidade e oferta, e esperamos que uma nova legislação corrija a questão”, argumenta o IBP.
Tendências em descarbonização
Além do incentivo à produção de biocombustíveis para caminhar em direção à evolução energética, o investimento em tecnologia e inovação é essencial para atingir as metas de descarbonização. Estudo do IBP, Radar de Tendências, realizado em parceria com a BIP Consulting, analisou quase 50 mil artigos e 180 mil patentes e soluções comerciais, indicando caminhos para a indústria diminuir a emissão de carbono.
Segundo a análise, cinco tendências podem contribuir para essa redução: eólicas offshore; alteração de processos produtivos, de monitoramento e de máquinas (gêmeos digitais, eletrificação de plataformas offshore); captura, utilização e armazenamento de carbono (CCUS); e retenção e atração de talentos.
A técnica de captura, utilização e armazenamento de carbono é dotada de ferramentas adotadas nos sistemas produtivos para capturar dióxido de carbono (CO2), armazená-lo de forma segura em reservatórios geológicos, ou ainda em tanques para reutilizá-lo como insumo para a fabricação de outros produtos. As tecnologias podem capturar até 90% do CO2 emitido de distintas fontes, como a utilização de combustíveis fósseis para a geração de eletricidade.
Já as eólicas offshore possuem as conhecidas hélices movidas pelos ventos, com a diferença de que os aerogeradores estão localizados no mar. Com pegada de carbono reduzida, a matriz surge como opção para a evolução energética.