A renovação política, tão celebrada nas eleições de 2020, tem se mostrado um processo mais complicado do que muitos imaginavam. Embora novos rostos tenham chegado ao poder naquele ano, as eleições de 2024 mostraram que nem todos conseguiram se manter. A promessa de mudança, tão forte no discurso, muitas vezes esbarra na realidade do jogo político.
Muitos foram eleitos como “não políticos”, figuras externas ao sistema tradicional, que atraíram membros cansados da velha política. Porém, uma vez eleitos, esses representantes fizeram parte do sistema que criticaram. Para transformar promessas em ações, é necessário fazer política – negociar, articular e aprovar projetos. A recusa em entender isso leva à estagnação. Passar quatro anos criticando o sistema, sem resultados concretos, pode ser fatal para uma trajetória política.
Quando decidi me candidatar, sabia que a renovação política era necessária. Eu, assim como muitos outros eleitos, prometemos mudanças. Mas, logo percebi que a renovação, por si só, não tinha resultados garantidos. Assim como no mercado financeiro, uma política exige articulação e negociação para transformar ideias em ações concretas.
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A diferença entre os que procuram se manter no “jogo” e os que ficaram pelo caminho está na capacidade de adaptação, mas sem deixar os princípios de lado, claro. Ser eleito é só o primeiro passo. Depois, é preciso aprender a navegar pelo ambiente legislativo, o que pode ser um choque de realidade.
Se por um lado a renovação política perdeu força, os políticos experientes souberam capitalizar suas habilidades. Conhecer o funcionamento do Legislativo e saber como construir alianças foi crucial para que muitos conseguissem manter seus mandatos. A habilidade de fazer política local, de entender as demandas da população e negociar de forma estratégica, mostrou-se um diferencial importante.
A renovação política é fundamental para a democracia, mas vai além do discurso de mudança. Não basta ser eleito com promessas de renovação; é preciso saber transformar essas promessas em ações concretas. Isso só é possível com diálogo, articulação e negociação. Políticas que insistem em apenas criticar o sistema, sem participar ativamente do processo, acabam se perdendo.
Muitos políticos veteranos mantiveram seus cargos pela capacidade de lidar com as complexidades do sistema. A experiência é um diferencial importante, pois facilita a negociação e a construção de alianças. Eu trouxe comigo a experiência de anos no mercado financeiro, onde o diálogo e os resultados concretos sempre foram prioridade. Isso me ajudou a manter o foco nas minhas pautas principais – educação e inovação na gestão pública.
Entender que, para aprovar leis que melhorem as escolas e combater a violência, era essencial ouvir diferentes perspectivas e buscar consensos. A política, assim como o mundo dos negócios, exige estratégia e comprometimento. Mudanças reais dependem de articulações e parcerias, e isso ficou claro nos 30 projetos de lei que apresentamos, dos quais oito foram aprovados. Entre eles, iniciativas importantes como os projetos “No Callem” e “Naming Rights”.
As eleições de 2024 deixaram claro que a renovação precisa ser nutrida por adaptação e aprendizado constante. A política é feita de ideias novas, mas, acima de tudo, da capacidade de torná-las realidade por meio da articulação e da construção de alianças.
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