Silvina Ramal*
O empreendedorismo sem dúvida é um caminho interessante, uma vez que, dentro das exigências e demandas de cada mercado, a mulher pode ter autonomia em sua trajetória. O Brasil é um país especialmente empreendedor, ele ocupa hoje o sétimo lugar no ranking mundial de empreendedorismo. Esse ranking é realizado anualmente pelo Global Entrepreneurship Monitor, que tem parâmetros definidos para verificar o espírito empreendedor dos povos de diferentes países.
Dados do Sebrae mostram que três em cada dez brasileiros adultos possuem empresa ou estão envolvidos com a criação de um negócio próprio. Essa taxa é maior que a de países como China, Estados Unidos e Índia.
Claro que empreender tem seus próprios desafios. Durante a pandemia, 600 mil empresas fecharam as portas. Mas sempre existem excelentes oportunidades para quem conhece o assunto empreender. O período de lockdown, e o fato de que as pessoas agora passam mais tempo em casa e muitas trabalham em casa trouxe uma revalorização do comércio de bairro.
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O que eu tenho visto muito também são redes de mulheres empreendedoras, elas se juntam não só para uma comprar da outra e se divulgarem, mas é comum esses grupos fazerem eventos conjuntos, ações de maraketing, e esse tipo de participação pode ser muito importante para uma mulher que está começando uma atividade.
Além disso temos os marketplace, locais onde é possível vender pela internet desde a sala de sua casa. É claro que todo negócio tem seus próprios desafios, mas vender desde casa pode ser uma alternativa muito boa para uma mãe que tem filhos pequenos, por exemplo.
Sobre a participação de mulheres nas empresas , por exemplo.Hoje temos 23 mulheres presidentes das 500 maiores empresas do mundo totalizando 8.2%. Significa que elas são responsáveis por alguns trilhões de dólares de faturamento.
No Brasil, em 2021, as mulheres ocupam 38% dos cargos de liderança no Brasil, de acordo com uma pesquisa realizada pela Grant Thornton. Em 2019, era de 25%. Ainda no nosso país, 35% dos postos de presidente-executivo (CEO) são ocupados por mulheres. A média global é a mesma.
Esse crescimento das mulheres em cargos de liderança tem algumas causas apontadas em estudos de universidades. Uma pesquisa publicada na revista Harvard Business Review mostrou que, em entrevista, os funcionários de 256 empresas avaliaram as líderes mulheres melhor do que os homens durante a epidemia de Covid. Isso significa que elas souberam administrar melhor a crise do que os homens.
Esse mesmo estudo mostra que as mulheres são melhor avaliadas em vários quesitos de liderança necessários nas empresas modernas, como capacidade de tomar a iniciativa, ter resiliência, praticar o autodesenvolvimento, apoiar a equipe na melhoria de seu desempenho, incentivar a equipe.
Isso também é um reflexo da mudança no perfil de empresas. À medida que é exigido das empresas inovar mais, mudar e se adaptar rapidamente a um mercado que é muito volátil, qualidades que normalmente são mais encontradas em mulheres (não que os homens não as tenham ou não possam desenvolvê-las) se tornam mais importantes para um líder. Por exemplo: flexibilidade, autoconhecimento, a própria vocação natural de muitas mulheres para ser educadora, sua disposição para ajudar e educar um filho se transfere numa empresa para a forma como ela trata a equipe. Enquanto o homem seria mais competitivo, mais rígido. Novamente, essas são tendências, que podem mudar com o tempo e também as características tidas como masculinas e femininas podem estar presentes em homens e mulheres dependendo de sua personalidade.
* Silvina Ramal é mestre em Administração de Empresas pela PUC-RJ, empreendedora e possui pós-graduação em comércio internacional pela UFRJ. Foi professora da PUC e da FGV durante 15 anos, em curso de graduação e pós. É, ainda, autora de 11 livros sobre empreendedorismo e gestão – “Como Transformar seu Talento em um Negócio de Sucesso”, “Mulheres Líderes e Empreendedoras” e livros escritos para o Telecurso TEC da Fundação Roberto Marinho sobre Gestão de Pequenos Negócios e Administração.
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