O neto de João Goulart, Christopher Goulart, manifestou-se sobre o veto do presidente Jair Bolsonaro ao projeto de lei que dava o nome do ex-presidente deposto pelo golpe militar a um trecho da estrada que conecta as cidades de Brasília e Belém. Para o neto de Jango, que é suplente de senador pelo PDT, o repúdio não se deve apenas ao veto em si, mas principalmente à justificativa dada pelo presidente.

Bolsonaro afirmou não considerar João Goulart como uma figura compatível com os requisitos para uma homenagem pública. “Busca-se que personalidades da história do país possam ser homenageadas em âmbito nacional desde que a homenagem não seja inspirada por práticas dissonantes das ambições de um Estado Democrático”.

Christopher Goulart considerou “lamentável” a justificativa do presidente. Segundo ele, a postura de Bolsonaro em relação ao seu avô revela a contradição de seu governo. “Vejam os tempos absurdos e contraditórios que nós vivemos no momento em que um defensor da prática de tortura, alguém que homenageou Brilhante Ustra, alguém que defende a ditadura militar ataca de forma vil (…) o presidente que mais instituiu na prática um país democrático”.

Para ele, o ataque não foi apenas à figura do ex-presidente, mas ao povo brasileiro como um todo. “Nós bem sabemos: Jango representa a luz. Jango representa a sapiência e a vontade de um Estado muito mais desenvolvido e justo para todos. Bolsonaro representa a ignorância, representa o terraplanismo”, declarou.

Christopher Goulart é suplente do senador Lasier Martins (Podemos-RS).

> Há 60 anos, a “Campanha da Legalidade” impedia um golpe
> Maior parte da terceira via ainda fortalece base de Bolsonaro na Câmara