Os resultados do primeiro turno das eleições presidenciais já indicam os possíveis caminhos a serem seguidos pelos candidatos Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL) em seus esforços para vencer no segundo turno. De acordo com especialistas ouvidos pela live Congresso em Foco Eleições 2022, Bolsonaro tende a preservar a estratégia já adotada, enquanto Lula terá de encontrar meios de ampliar a sua coligação e vencer os estigmas deixados sobre sua imagem pessoal e de seu partido após o governo Dilma.
Um dos entrevistados, o analista político Ricardo Capelli acredita que, do lado de Bolsonaro, a estratégia mais provável é uma manutenção, de forma mais intensa, de sua campanha de mobilização da militância. “Bolsonaro vai fazer o que o bolsonarismo faz de melhor: ampliar a temperatura da eleição. Manter o núcleo dele ainda mais mobilizado e buscar ainda mais mobilização, ainda mais agitação a partir disso”, afirma. Confira a fala a de Cappelli:
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No lado de Lula, existem duas frentes que terão de ser enfrentadas. Uma, explicada por Capelli, diz respeito à sua base de apoio: o petista deverá empenhar esforços em ampliar sua coalizão, e trazer novas militâncias para seu lado. Já a professora de ciência política da UniRio Luciana Veiga alerta para uma frente mais complicada: combater a crise de imagem enfrentada pelo PT desde a Operação Lava Jato, quando o partido passou a enfrentar dificuldades ao tocar no tema da corrupção.
“Os adversários do PT sabem que esse é um tema que cola para afastar o PT. E ele é sempre muito utilizado. Ele foi utilizado agora, e no segundo turno vai ser utilizado de novo, porque de alguma maneira, a sobreposição de antipetismo com ataques de corrupção cola contra o PT”, explicou. De acordo com ela, para que Lula consiga melhorar seu desempenho até a votação, terá que desenvolver uma resposta eficaz ao ser questionado nesse tópico, e evitar desviar do assunto como fez nos últimos debates. Confira a explicação da professora:
Os institutos de pesquisa também terão de se adaptar para sobreviver ao segundo turno, segundo o sociólogo Arilton Freres. Diretor do Instituto Opinião, Arilton avalia que o grau de distorção do resultado das eleições com relação ao tamanho das últimas pesquisas realizadas é grande demais para se tratar de um problema momentâneo, e os institutos terão de desenvolver novos métodos para recuperar a credibilidade e melhorar a capacidade de colher informações.
Esse caminho necessariamente passa por uma mudança na forma como são analisadas as plataformas digitais, acredita. “As redes sociais explicam muita coisa. Nas redes sociais fechadas, como Whatsapp, o volume de informação que você recebe é absurdo. Entre os grupos bolsonaristas, as bolhas são ultramobilizadas, recebem um volume de informação muito grande. E ali passa verdade. Então os institutos de pesquisa vão ter que encontrar um meio de furar essas bolhas e conseguir informação”, propôs.
Veja o que diz Arilton:
Por: Lucas Neiva
As entrevistas foram dadas pelos três especialistas na noite da última segunda-feira (3), em live do Congresso em Foco na qual foram analisados os resultados das eleições.
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