A pesquisa Datafolha divulgada na noite desta quarta-feira (19) apontou oscilação de um ponto percentual para cima de Jair Bolsonaro (PL), que diminuiu de cinco para quatro pontos a diferença para o ex-presidente Lula (PT) nos votos válidos. Como a margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos, os dois estão praticamente juntos. Mesmo assim, segundo o diretor do Instituto Opinião de pesquisas, Arilton Freres, o petista segue sendo o favorito para a votação do próximo dia 30.
Segundo ele, se o Datafolha não falou em empate técnico, é porque Lula tem alguma vantagem, na casa decimal, sobre Bolsonaro. “É preciso ter em conta que há casas decimais junto desses percentuais. Se o Datafolha não falou em empate técnico, é porque, nessa variação, Lula ainda está à frente, no pior cenário para ele”, afirmou Arilton ao Congresso em Foco.
Na avaliação do sociólogo, o tempo é curto para Bolsonaro conseguir uma transferência de votos que hoje estão com Lula. Isso não ocorreu nesta pesquisa, de acordo com o pesquisador, já que o ex-presidente manteve o mesmo percentual dos votos totais registrados na rodada anterior. Conforme o Datafolha, no cômputo geral das intenções de voto, Bolsonaro tem 45% (tinha 44% semana passada) e Lula permaneceu com 49%. Brancos e nulos somam 5% e indecisos, 3%.
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“Bolsonaro só pode ganhar com a transferência direta de votos de Lula para ele. Acho que o Lula ainda é o favorito. Acredito que possa haver empate técnico na próxima semana, com Bolsonaro crescendo mais um ponto. Mas não tem voto disponível. O Bolsonaro já pegou metade dos indecisos”, considera. “Ou seja, a movimentação ainda não foi suficiente para Bolsonaro avançar sobre o eleitorado de Lula”, ressalta.
Arilton acredita que três fatores podem dificultar o grau de acerto das pesquisas, que projetavam votação menor para Bolsonaro no dia 2 de outubro. Esses fatores, segundo ele, são: o índice de abstenções, que historicamente é maior na segunda rodada de votação; a desatualização dos dados do Censo, realizado com atraso, somente agora, pelo governo federal; e uma eventual resistência de bolsonaristas em responder às pesquisas – situação que ele considera pouco factível.
O diretor do Instituto Opinião observa que, desde 2006, os segundos colocados na disputa presidencial no primeiro turno aparecem com percentual de votos superior aos projetados pelas pesquisas. Uma diferença que se dá, segundo ele, pelo chamado voto útil. Esse cenário, no entendimento dele, não deve se repetir neste segundo turno.
“Todos os institutos até agora têm apresentado resultados muito próximos, mesmo quando adotam metodologias diferentes. Todos mostraram esta semana uma pequena oscilação favorável para Bolsonaro”, diz o sociólogo. “Creio que haverá uma diferença de 1,5 ponto percentual na eleição, algo em torno de 2 milhões de votos. Faço essa estimativa levando em conta a tendência do primeiro turno e possíveis variáveis do segundo turno”, ressalta. “Mas há sempre o risco do imponderável”, adverte.
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