Na campanha de 2018, ela era tão digna da confiança do hoje senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e do seu partido à época, o PSL, que assinava cheques por eles. Irmã dos gêmeos Alan e Alex Rodrigues Oliveira, acusados de serem milicianos, Valdenice de Oliveira Meliga, mais conhecida como Val Meliga será candidata a deputada estadual pelo PL do Rio de Janeiro, mesmo partido de Flávio e do pai dele, o presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição.
De acordo com o sistema de Divulgação de Candidaturas e Contas Estaduais, Val Meliga pretende disputar uma vaga na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) – a mesma onde antes esteve Flávio Bolsonaro, e pela qual é investigado em um suposto esquema de rachadinha – sob o número 22177. A homologação da candidatura de Val Meliga ainda aguarda julgamento.
Val Meliga foi apresentada como um suposto elo da ligação de Flávio Bolsonaro com milicianos em reportagem publicada pela revista IstoÉ em fevereiro de 2019.
Na Operação Quarto Elemento, movida pelo Grupo de Atuação Especial ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Rio de Janeiro, foram presos os gêmeos Alan e Alex Rodrigues Oliveira. Os dois irmãos, da Polícia Militar, foram presos, acusados de fazer parte de milícia no Rio de Janeiro e da prática de extorsão.
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Pelo menos dois cheques
Alan e Alex são irmãos de Val Meliga, que foi lotada no gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia do Rio. Na campanha de 2018, ela passou a integrar o comitê da campanha de Flávio ao Senado. E, ali, foi responsável, inclusive, pela assinatura de alguns cheques que pagaram despesas da campanha. Na ocasião, a revista IstoÉ encontrou pelo menos dois cheques assinados por ela, nos valores de R$ 3,5 mil e R$ 5 mil. Dona de uma empresa de eventos, a Me Liga Produções e Eventos, Val tinha procuração, conforme documento enviado à Justiça Eleitoral, para assinar cheques em nome da campanha.
A presença de Val Meliga na campanha assinando cheques mostrava um novelo enrolado, no qual outros nomes também próximos de Flávio iam se enredando. O cheque de R$ 5 mil assinado por Val, por exemplo, era destinado à empresa Alê Soluções e Eventos Ltda. A empresa pertence a Alessandra Cristina Ferreira de Oliveira e se referia ao pagamento de serviços de contabilidade. Ocorre que Alessandra era também funcionária do gabinete de Flávio na Alerj.
E na época da campanha, era a primeira tesoureira do PSL do Rio de Janeiro, partido pelo qual Flávio se candidatou e se elegeu senador. Alessandra fez ainda a contabilidade de 42 outras candidaturas do PSL do Rio. Como mostrava a reportagem da revista IstoÉ, uma de cada cinco candidaturas pelo PSL do Rio tinha a contabilidade feita por uma das mesmas pessoas que destinava recursos para a campanha.
A reportagem da revista apontava para outras ligações. À época, Flávio Bolsonaro divulgou uma nota afirmando que a revista fazia uma “ilação irresponsável” ao tentar ligá-lo a milícias. Dizia que Val Meliga era “tesoureira do PSL” e “tinha como determinação legal assinar cheques do partido”. Quanto aos dois irmãos de Val, Flávio dizia na nota que eles não eram “milicianos”, mas “policiais militares”.
Agora, quando Val Meliga pretende disputar uma vaga de deputada estadual, o Congresso em Foco entrou novamente em contato com a assessoria de Flávio Bolsonaro. Até o fechamento desta edição, não houve manifestação por parte dele. O site, porém, está aberto a incluir tais explicações no momento em que forem enviadas.
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