Entre o início de janeiro de 2024 e a tarde desta quinta-feira (26), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) identificou, em seu Banco de Dados de Queimadas (BDQueimadas), mais de 102 mil focos de incêndios acumulados na Amazônia. Esse número representa 115% do total para o bioma em todo o ano de 2019, marcado pela ação criminosa que ficou conhecida como “dia do fogo”.
Primeiro ano da gestão de Jair Bolsonaro, o período de janeiro a dezembro de 2019 contou com o acúmulo de mais de 89 mil incêndios florestais na Amazônia. Cerca de cinco mil aconteceram entre os dias 10 e 11 de agosto, no episódio conhecido como “dia do fogo” quando produtores rurais de Novo Progresso, no interior do Pará, atearam fogo, em ação coordenada, em reservas florestais ao redor da BR-163, estrada que corta o Brasil de norte a sul, e que hoje é ponto de expansão da fronteira agrícola no estado.
O planejamento do dia do fogo foi denunciado com pouco menos de uma semana de antecedência pelo veículo local Folha do Progresso, afirmando que os produtores rurais, amparados pelo discurso anti-ambientalista de Bolsonaro, procuravam utilizar os incêndios como forma de chamar atenção do governo federal para receber amparo financeiro à atividade pecuária na região.
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Em agosto deste ano, quando começou a nova leva de incêndios florestais pelo país, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou haver sinais de que as novas queimadas poderiam representar uma repetição do que foi o dia do fogo. A Polícia Federal já abriu mais de 85 inquéritos para identificar os autores.
O período de janeiro até o final de setembro de 2024 supera em incêndios na Amazônia não apenas o acumulado ao longo de 2019, mas também de cada ano da última década, com exceção de 2022, 2020, 2017 e 2015. Para os nove primeiros meses, porém, não houve ano com maior número de queimadas.
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