Um dia depois de seu afastamento do cargo por ordem judicial, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), registrou em cartório o conteúdo de suas conversas pelo WhatsApp que manteve com o secretário substituto de segurança, Fernando de Sousa Oliveira, durante o acompanhamento dos atos golpistas na Esplanada dos Ministérios no dia 8 de janeiro. A ata do registro foi divulgada pelo portal Metrópoles.
Conforme o registro, que inclui as capturas de tela retiradas do celular de Ibaneis, o governador e o secretário interino mantinham contato desde a manhã para tratar da manifestação. Fernando Oliveira encaminhou ao chefe de governo um relatório inicial com informações sobre o número de manifestantes, locais de encontro e a situação do acampamento montado em frente ao quartel-general do Exército. A partir de então, forneceu áudios com breves atualizações.
A primeira atualização foi enviada às 8h27, horas antes da manifestação começar. Fernandes disse ao governador que havia fechado o acesso à ala leste da Esplanada dos Ministérios, onde ficam as sedes dos três poderes, e que o local estava tranquilo. “Qualquer intercorrência eu aviso ao senhor, mas a princípio tudo tranquilo, bem calmo”, declarou, informando também que “nossas equipes já estão na rua”.
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Às 13h23, os manifestantes começaram a sair do acampamento para seguir em direção à Esplanada escoltados pela Polícia Militar do Distrito Federal. “Tivemos uma negociação para eles descerem de forma pacífica, organizada, acompanhada. Toparam”, relatou. Disse também que “nossa inteligência está monitorando, não há nenhum informe de questão de agressividade”, no que Ibaneis respondeu “maravilha”. Os dois interromperam a comunicação a partir de então.
Pouco antes das 15h, começaram os ataques ao Congresso Nacional, ao Palácio do Planalto e ao Supremo Tribunal Federal (STF). Pouco mais de meia hora depois, Ibaneis mandou suas últimas mensagens ao secretário. “Coloca tudo na rua. Tira esses vagabundos do Congresso e prenda o máximo possível”, ordenou. A operação de retomada dos três prédios durou até o anoitecer, quando os manifestantes foram empurrados de volta ao quartel. Na mesma noite, a pedido da Advocacia-Geral da União, o STF determinou o afastamento de Ibaneis de seu cargo.
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