Renata Vilela*
Doze dias após o ataque que tirou do ar as informações contidas no Conecte SUS, o serviço ainda não foi restabelecido. Ao contrário, após outra nova ofensiva, agora contra os sistemas da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal, ocorrida no último dia 20, a população se sente cada vez mais desamparada em relação à área de tecnologia da informação do governo brasileiro.
Até agora, há dois exemplos que contradizem a forma como o governo vem tratando sua área de tecnologia, a Dataprev e o Serpro. As duas empresas públicas seguem sem invasões ou roubo de dados e prestando serviço de excelência à população brasileira. Contudo, ambas estão ameaçadas por um plano de privatização elaborado pelo Ministério da Economia. É contra esse plano que Sérgio Rosa, ex-diretor do Serpro e funcionário aposentado do DataSUS, se manifesta.
O DataSUS e o Conecte SUS
Conforme ele explica, todas as informações e dados brasileiros são tratados por sistemas, e no caso da Saúde Pública, esse sistema é o DataSUS. Segundo Rosa, o DataSUS “Nasceu mal, cresceu pior ainda e está em estágio terminal, hoje”. Isso se deve à falta de planejamento e investimento no órgão responsável por todas as informações de saúde dos brasileiros.
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Sérgio Rosa relembra que o DataSUS nasceu dentro da Dataprev e, por uma decisão do ex-presidente Fernando Collor de Mello, saiu da empresa. Desde então, conta Rosa, nunca foi realizado um concurso público para garantir o seu adequado funcionamento. Atualmente, o DataSus se transformou em um pequeno departamento chefiado por pessoas que não são da área de informática, “E contratam serviços em empresas terceiras sem exigência de nível de serviço e de segurança da informação”, lamenta o especialista.
Especificamente sobre o Conecte SUS – sistema que armazena os dados de vacinação da população – Rosa afirma que é um sistema muito simples e ressalta: “Foi muito bom o governo ter contratado e desenvolvido o Conecte SUS. Porém, o Ministério da Saúde não tem nenhuma gestão sobre ele”. Essa última observação leva ao problema enfrentado pelo governo, e por todos os brasileiros que precisam dos seus dados disponíveis para comprovar a vacinação para diferentes fins, que vão desde admissão em emprego, até viagens internacionais, passando pelo acesso a locais públicos e privados.
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Mesmo com tantas perdas de dados recentes, Rosa ressalta o papel da Dataprev e do Serpro. Não só como empresas confiáveis, mas também como boas prestadoras de serviço e possíveis aliadas na recuperação de um sistema de tecnologia da informação mais robusto e seguro para todos os sistemas do Estado.
Rosa relembra que, quando foi diretor do Serpro, estava em processo uma parceria que visava juntar os data centers mais importantes. E frisa: “A segurança não pode ser terceirizada, a saúde não pode ser terceirizada, essas informações são do cidadão e do Estado”.
*Renata Vilela, especial para a campanha Salve Seus Dados
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