A greve anunciada pelos servidores do Banco Central (BC) na última segunda-feira (28) pode impactar o funcionamento de serviços como as transações via pix. Esta paralisação é por tempo indeterminado e houve adesão majoritária dos servidores, que se reuniram em assembleia virtual para decidir. Foram 90% dos votos favoráveis dentre 1.300 presentes e a reinvindicação é por reajuste salarial de 26,3% mais reestruturação das carreiras de analistas e técnicos do órgão.
Fábio Faiad, presidente do Sindicato dos servidores do BC (Sinal), destaca que a paralisação respeitará a lei de serviços essenciais. Entretanto, as transações via pix não fazem parte da regra. Assim, como em relação às demais atividades, há risco de atrasados ou mesmo interrupções nas transferências por esta modalidade.
“Na greve, a lei de serviços essenciais será respeitada. Mas o pix e diversas outras atividades do BC não estão nessa lei. Portanto, muitos atrasos ou interrupções poderão ocorrer (não podemos ainda antecipar quais)”, escreveu em comunicado divulgado na manhã desta terça (29).
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Isso acontece porque o Pix é um sistema que é originado do BC. “O BC alimenta e as outras instituições se acoplam a ele e avançam. Então o atendimento a dúvidas, plantões, monitoramento para evitar ataque de hackers, apoio, suporte de informática é dado pelo Banco Central e essas coisas podem não acontecer e, portanto, podem acontecer atrasos e interrupções parciais no sistema”, disse Faiad.
Negociações travadas
As negociações entre os servidores do BC e o governo se estendem desde o início do ano, sem que haja avanço. Houve uma série de paralisações e movimentos pontuais.
Em fevereiro a categoria chegou orientar uma operação padrão, também conhecida como operação tartaruga, sem interrupção de serviços essenciais. Seguiram-se conversas entre entre os representantes dos funcionários do BC e o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, que levou a questão ao presidente Bolsonaro.
PublicidadeA greve para março era ameaçada desde o ano passado quando o governo anunciou reajuste salarial unicamente para os funcionários da segurança pública, onde se encontram uma base forte de apoiadores do presidente Bolsonaro. Eles garantiram a fatia de R$ 1,7 bilhão para reestruturação de vencimentos dentro do Orçamento de 2022.
O último ato ocorreu no dia 17 de março, quando houve uma paralisação das 14h às 18h. Desde então são sentidos impactos nos serviços de atendimento, além de atraso na divulgação de boletins e taxas importantes.
“Apostamos no diálogo ainda, apesar das dificuldades. Contudo, se o governo não negociar, a greve vai ser pra valer a partir do dia 1º de abril”, acrescentou Faiad.
Representantes estiveram com Roberto Campos Neto, presidente do BC, no último sábado (26), mas nenhuma proposta oficial foi apresentada. Faiad classifica as tratativas com o órgão como “um fiasco” e afirma que até o momento as negociações estão paradas e sem expectativas de reuniões próximas.
Essa é a terceira categoria que anuncia greve neste mês para reivindicar reajuste salarial. Os servidores do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) anunciaram greve na quarta (23) e os funcionários do Tesouro Nacional pararam suas atividades na sexta-feira passada (26).