O Ministério Público Eleitoral em Goiás abriu nessa sexta-feira (3) uma investigação sobre a posse, no município de Ceres (GO), a 170 km de Goiânia, de um vereador considerado foragido da Justiça. Eleito pelo PL, Osvaldo José Seabra Junior, conhecido como Osvaldo Cabal, foi empossado na última quarta-feira (1º) fora da cerimônia oficial.
Desde 10 de dezembro o vereador é alvo de uma ordem de prisão preventiva relacionada à Operação Ephedra, conduzida pelo Ministério Público de Goiás em parceria com a Polícia Rodoviária Federal, que investiga o tráfico de rebites e outras drogas. Ele é acusado de lavar dinheiro para um grupo criminoso.
O promotor eleitoral Pedro Furtado Schmitt Corrêa solicitou à presidência da Câmara Municipal, liderada pelo vereador Glicério Júnior, as gravações das câmeras de segurança que registraram a entrada e permanência de Osvaldo o no prédio, além de informações sobre as pessoas presentes no momento e detalhes sobre seu acesso ao local. Furtado também pediu uma cópia do livro de posse e do regimento interno que normatiza o procedimento de posse dos vereadores.
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De acordo com o Banco Nacional de Medidas Penais e Prisões, o mandado de prisão está ativo desde 10 de dezembro do ano passado.
A Câmara Municipal de Ceres informou que Osvaldo foi o único vereador ausente na cerimônia oficial de posse. Ele compareceu horas depois dos colegas, às 15h58, para ser empossado. Ao justificar a posse, a Câmara alegou não ter recebido qualquer comunicação da Justiça, do Ministério Público ou da polícia sobre o mandado de prisão.
Na ficha do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Osvaldo declarou ser empresário, possuir 39 anos, patrimônio declarado de R$ 323 mil e ensino médio completo. Ele foi eleito com 427 votos e, na data da eleição, não havia qualquer mandado de prisão contra ele.
O vereador é suspeito de integrar uma organização criminosa envolvida na produção e venda de rebites, substância estimulante utilizada por caminhoneiros para enfrentar longas jornadas de trabalho. Durante a operação policial, desencadeada em 10 de dezembro, diversas armas, incluindo pistolas, espingardas e fuzis, foram apreendidas.
A Operação Ephedra resultou na prisão de 28 pessoas suspeitas de integrar a organização criminosa. As investigações indicam que os suspeitos usavam empresas de fachada e contas bancárias para movimentar grandes quantias de dinheiro. Esses recursos eram destinados à aquisição de insumos químicos, máquinas e embalagens para a produção de drogas, além de parte do capital ser reinvestido na compra de veículos, imóveis, fazendas e criptoativos.
Os mandados foram cumpridos em diversos estados, como Goiás, Tocantins, Bahia e São Paulo, em cidades incluindo Anápolis, Campinorte, Ceres, Goiânia, Goianira, Mara Rosa, Porangatu, Rialma, Trindade, Talismã, Luís Eduardo Magalhães e Salto. Um mandado de prisão também foi executado contra um detento na Unidade Prisional Regional de Nova Crixás (GO).
A Operação Ephedra mobilizou 268 agentes da PRF de 21 estados e 96 integrantes do MPGO, incluindo 26 promotores de Justiça.
Em sua última publicação nas redes sociais, Osvaldo Cabal agradeceu a seus apoiadores pela eleição, afirmando: “Agora, com essa responsabilidade nas mãos, vou trabalhar incansavelmente para retribuir todo o apoio com ações que promovam mais desenvolvimento, justiça e bem-estar para nossa cidade.” Ceres tem cerca de 22 mil habitantes.
Até o momento, o Congresso em Foco não conseguiu contato com a defesa de Osvaldo Cabal, e o espaço permanece aberto para quaisquer esclarecimentos do vereador.