Entidade que representa quase 10% do PIB nacional, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) decidiu apoiar o manifesto em defesa da democracia liderado pela Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp). A FecomercioSP se junta assim à Fiesp e à Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) nas críticas às tentativas do presidente Jair Bolsonaro de desacreditar o sistema eleitoral brasileiro e às suas ameaças de que não aceitará uma eventual derrota.
Ao todo, 1,8 milhão de empresários são representados pela FecomercioSP. Juntos, eles empregam 10 milhões de pessoas que atuam nos setores de comércio e de serviços. A posição da entidade reforça o isolamento do presidente da República em relação aos seus reiterados ataques às urnas eletrônicas.
“A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) endossa o documento Em Defesa da Democracia e da Justiça. Como representante de alguns dos setores empresariais mais importantes para a economia do país, a Entidade entende que os preceitos democráticos são inegociáveis, tais como o Estado democrático de direito e a lisura do processo eleitoral”, diz a entidade em comunicado. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) não vai apoiar o documento.
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O teor do manifesto dos empresários deverá ser conhecido no próximo dia 11, quando também será divulgada a Carta aos Brasileiros, organizada pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Os dois textos deverão ser lidos no mesmo evento na USP. A Carta já recebeu o apoio de mais de 400 mil pessoas em apenas três dias. Entre elas, banqueiros, empresários, artistas e intelectuais.
Acesse o link para assinar a Carta
Bolsonaro tem tentado desqualificar as manifestações, chamando-as de “cartinhas”. Ontem à noite ele publicou a seguinte mensagem no Twitter:
Publicidade– CARTA DE MANIFESTO EM FAVOR DA DEMOCRACIA
“Por meio desta, manifesto que sou a favor da democracia.”
Assinado: Jair Messias Bolsonaro, Presidente da República Federativa do Brasil.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) July 29, 2022
Ele acrescentou:
– Se eu defender menos transparência nas eleições, financiar ditaduras comunistas na América Latina, manter diálogos cabulosos com o narcotráfico e tentar controlar a mídia, serei chamado de democrata? Ou na verdade isso não depende do que se diz, mas de que lado você está?
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) July 29, 2022
Ontem o presidente também criticou a adesão dos bancos ao manifesto da Fiesp, atribuindo a postura deles às perdas provocadas pela implantação do PIX. Os bancos, no entanto, têm registrado grandes lucros em seu governo. O lucro nominal dos quatro maiores bancos brasileiros bateu recorde em 2021, de acordo com levantamento feito pela Economatica. Juntos, o Banco do Brasil, o Bradesco, o Itaú e o Santander somaram R$ 81,63 bilhões – o maior já registrado desde 2006.
A Febraban reúne 116 instituições financeiras. Entre os bancos que integram a federação estão o Itaú Unibanco, o Bradesco, o Santander, o Safra, o BTG Pactual, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. Os dois bancos públicos, no entanto, não aceitaram endossar o documento.
A chamada Carta aos Brasileiros, idealizada por juristas, condena os ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral e defende o estado democrático de Direito. O manifesto reúne personalidades dos mais diversos campos políticos e ideológicos. Do ex-ministro José Eduardo Cardozo, advogado da ex-presidente Dilma Rousseff no processo de impeachment ao coautor do pedido de afastamento da petista, ao jurista Miguel Reale Junior. De economistas ligados ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), como Armínio Fraga, Pedro Malan, Edmar Bacha e Elena Landau, a ex-ministros de governos petistas, como Tarso Genro e Renato Janine Ribeiro. Entre os signatários está a professora Vanessa Canado, ex-assessora especial do ministro da Economia, Paulo Guedes.
Veja a Carta aos Brasileiros, elaborada pela Faculdade de Direito da USP
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