Anualmente, a Câmara Municipal de Florianópolis (SC) concede a medalha Antonieta de Barros para mulheres com atuação relevante na defesa dos direitos da mulher catarinense. Em 2023, foram escolhidas duas deputadas homenageadas com a medalha que leva o nome da primeira mulher negra a exercer um cargo eletivo no Brasil: a deputada estadual Ana Caroline Campagnolo (PL) e a federal Caroline de Toni (PL). A escolha dos nomes, aliadas ao bolsonarismo, foi repudiada pelos descendentes de Antonieta.
“Antonieta de Barros foi uma importante figura da história de Santa Catarina e do Brasil, uma defensora dos direitos das mulheres, das pessoas negras e dos desvalidos. Incansavelmente, ela lutou pela igualdade e pela justiça social, dedicando sua vida à promoção da educação e da cultura”, relembrou a família em nota redigida pelo seu sobrinho-neto, Flávio Soares Barros, endereçada aos vereadores da capital catarinense.
A escolha por Caroline de Toni e de Ana Campagnolo é vista pelos familiares como incompatível com os valores defendidos por Antonieta, que foi deputada estadual entre 1935 e 1937. “Em resumo, as duas senhoras não se coadunam com a luta pela igualdade, com os princípios do poder revolucionário e libertador da educação de qualidade para todos e da cultura da paz de Antonieta de Barros. Isso sem mencionar a luta pela igualdade de gêneros empreendida por ela, que contrasta com o antifeminismo das duas indicadas”, apontaram.
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As duas são vistas como divergentes das pautas da primeira mulher negra eleita. “A trajetória de Campagnolo é marcada por atitudes preconceituosas e discriminatórias contra grupos minoritários, especialmente a comunidade negra e LGBT+. Envolveu-se, além disso, em episódios de intolerância religiosa, discriminação racial e homofobia. (…) Já Caroline de Toni, entre outras demonstrações semelhantes, propôs projeto de lei para a flexibilização do controle, comercialização e aquisição de armas de fogo.”, apontam.
A concessão da medalha a duas parlamentares que defendem valores contrários aos defendidos por Antonieta de Barros seria uma “afronta à sua memória”, além de “um desrespeito não só à família de Antonieta, mas a quem quer que lute por uma sociedade mais justa e igualitária”. Por isso, os familiares pedem que a concessão da medalha não seja levada adiante.
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