Empresas brasileiras de diferentes tipos, como açougues, lavadoras de carros e fábricas compraram pacotes de disparo de mensagens em massa via WhatsApp de uma agência de marketing espanhola em 2018, para impulsionar a campanha eleitoral do então candidato à presidência da República e hoje presidente Jair Bolsonaro. Ao todo, o serviço contratado de forma online por meio de um software era capaz de disparar até 20 mil mensagens políticas por hora.
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As informações são do jornal Folha de S.Paulo desta terça-feira (18). De acordo com a reportagem, não há evidências de que a campanha de Bolsonaro soubesse que as contratações estavam ocorrendo. Procurado, o Palácio do Planalto afirmou que não vai comentar o assunto.
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O jornal teve acesso a conversas em áudio em que o dono da empresa Enviawhatsapp, Luis Novoa, fala sobre o uso político do serviço de mensagens no Brasil. Ele afirmou ter descoberto a situação depois de ter linhas telefônicas cortadas pelo Whatsapp, sob alegação de mau uso. O Whatsapp confirmou o bloqueio das linhas e a notificação judicial à empresa espanhola.
“Eles contratavam o software pelo nosso site, fazíamos a instalação e pronto […] Como eram empresas, achamos normal, temos muitas empresas [que fazem marketing comercial por WhatsApp]”, afirma o espanhol, na gravação. “Mas aí começaram a cortar nossas linhas, fomos olhar e nos demos conta de que todas essas contratações, 80%, 90%, estavam fazendo campanha política”, completa o empresário espanhol, na conversa reproduzida pela reportagem da Folha.
PublicidadePela legislação brasileira, apenas partidos, coligações, candidatos ou seus representantes podem contratar serviço de impulsionamento na internet e, mesmo assim, diretamente por meio da ferramenta responsável pelo serviço, cujo provedor deve ter sede e foro no Brasil. A doação de dinheiro de pessoas jurídicas para campanhas também é proibido no país.O caso revela a dificuldade de mapear e contabilizar gastos de campanha feitos por terceiros em favor de um candidato.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) investiga o uso ilegal de mensagens instantâneas nos aplicativos de conversas via internet contra a campanha do candidato do PT à presidência na última eleição, Fernando Haddad, mas até o momento ninguém foi ouvido.
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