O presidente Jair Bolsonaro voltou a convocar neste sábado (6) seus apoiadores para um ato em seu favor no Sete de Setembro. Bolsonaro disse, na capital de Pernambuco, que estará em Copacabana no dia em que o Brasil comemorará 200 anos de independência.
Bolsonaro queria que o tradicional desfile militar que é feito no dia da independência fosse transferido para a Avenida Atlântica, no Rio de Janeiro. Mas o prefeito do Rio, Eduardo Paes, afirmou que irá mantê-lo no centro da cidade.
No sábado passado (30 de julho), o presidente afirmara que o desfile seria transferido para Copacabana, onde costumam acontecer no Rio as manifestações dos grupos bolsonaristas. E disse ainda que incorporaria, além das Forças Armadas, a Polícia Militar, corporação onde tem grande apoio, na manifestação.
A presença dos militares em um local onde normalmente acontecem os atos pró-Bolsonaro conferiria ao desfile um caráter político. Mas a prefeitura do Rio, contrariando o desejo do presidente, divulgou aviso de licitação para a organização do desfile no Pantheon de Caxias, em frente ao Palácio Duque de Caxias, sede do Comando Militar do Leste, onde ele acontece normalmente.
“Temos algo tão ou mais importante que a própria vida, que é a nossa liberdade. E a grande demonstração disso eu peço a vocês que seja explicitada no próximo dia Sete de Setembro. Estarei às 10h da manhã em Brasília num grande desfile militar e às 16h em Copacabana no Rio de Janeiro”, disse Bolsonaro.
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De volta ao ano passado
Bolsonaro tem ensaiado fazer na festa dos 200 anos de independência algo semelhante ao que fez – e depois recuou – no ano passado no Sete de Setembro. Ele transformou a festa do ano passado em um ato político primeiro em Brasília e depois em São Paulo, na Avenida Paulista. Em São Paulo, disse aos manifestantes que não mais obedeceria a decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que viessem do ministro Alexandre de Moraes, que conduz o inquérito que apura os atos antidemocráticos. Diante da reação do STF, que deixou claro que o descumprimento de decisões judiciais implica crime de responsabilidade – o que pode redundar em impeachment –, Bolsonaro recuou, numa ação que foi orquestrada pelo ex-presidente Michel Temer.
A ideia de agora retomar a tensão do ponto em que a abandonou há um ano tem provocado preocupações, inclusive no entorno da campanha de Bolsonaro. Integrantes do Centrão têm tentado fazer o presidente recuar de posições mais radicais.
Ao mesmo tempo, setores da sociedade organizam-se para tentar abafar as ameaças e tentativas do presidente. No dia 11 de agosto, dois manifestos em favor do estado democrático de direito e do sistema eleitoral brasileiro – que Bolsonaro, sem provas, questiona a lisura – serão lidos na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo no Largo de São Francisco.
A produção dos dois manifestos tem gerado claro incômodo de Bolsonaro. O primeiro deles, organizado por estudantes da faculdade de Direito e encampado primeiro por juristas, já reúne mais de 750 mil assinaturas. O segundo foi organizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e, publicado na sexta-feira (5) nos principais jornais do país, tem a adesão de mais de uma centena de instituições.
Se você ainda não assinou o manifesto da USP pela democracia, faça a sua adesão aqui
A principal razão do incômodo de Bolsonaro é que os dois manifestos não contam com o apoio somente daqueles que desde o início fazem oposição ao seu governo. No manifesto da USP, ao lado de artistas, como o escritor e compositor Chico Buarque, há banqueiros como Roberto Setúbal. E o manifesto da Fiesp tem a adesão de diversos grupos ligados ao empresariado brasileiro.
O manifesto da Fiesp será lido no Salão Nobre da faculdade às 10h do dia 11 de agosto. E o da USP às 11h30, no pátio no Largo de São Francisco. O dia 11 de agosto marca o aniversário de criação, em 1827, dos primeiros cursos jurídicos do país. A partir da leitura dos dois manifestos, planeja-se transformar a data em um dia nacional de mobilização pela democracia.
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