Após uma longa disputa pela permanência no cargo de presidente do União Brasil, o deputado Luciano Bivar (União-PE) foi derrotado na eleição interna pelo seu vice, o advogado Antônio Rueda. O resultado solidifica a posição dominante dos quadros do antigo Democratas, um dos dois partidos que deram origem à atual sigla.

Luciano Bivar foi presidente do antigo PSL, e após a fusão com o Democratas, passou a ser presidente do União Brasil. Sob sua gestão, o partido enfrentou dificuldades para preservar sua unidade interna: o PSL passou a maior parte de sua história como um pequeno partido, com poucos quadros dotados de capital político capaz de disputar espaço na gestão da legenda. A situação se aprofundou diante da debandada de parlamentares e filiados ao PL, ao final de 2021, para acompanhar Jair Bolsonaro.

Antônio Rueda foi o nome preferido dentre os antigos membros do Democratas para concorrer na convenção partidária contra Luciano Bivar. Na manhã desta quinta-feira (29), quando estava previsto o início da eleição, Bivar cancelou o encontro. De acordo com ele, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) havia feito mudanças recentes no estatuto do partido, e seria necessário adiar o pleito para adequar as novas regras. Além disso, acusou a presença de vícios no edital de convocação, sem indicar quais seriam esses vícios.

Em resposta, Rueda reverteu a determinação de Bivar, abrindo as eleições no final da tarde. Sua chapa tem como vice o ex-prefeito de Salvador (BA), ACM Neto, um dos caciques da sigla e neto do fundador do Democratas, Antônio Carlos Magalhães. Seu grupo de apoio conta com outras figuras de forte influência, como o senador Davi Alcolumbre (União-AP), cotado para presidir o Senado, e Elmar Nascimento (União-BA), líder da bancada na Câmara.

O presidente eleito declarou que, na chefia do partido, pretende manter “a busca por soluções concretas para a vida dos brasileiros, defendendo a população, o Estado, a democracia e a liberdade”, além de “dedicar esforços incansáveis na promoção do livre debate de ideias no âmbito dos Três Poderes”. À Carta Capital, Bivar afirma não reconhecer o resultado, e que levará a questão ao Judiciário.

O União Brasil é o terceiro partido mais poderoso da Câmara dos Deputados, com um total de 59 membros. A sigla também conta com sete senadores, quatro governadores e dois ministros de Estado.