Celso Bejarano
Especial para o Congresso em Foco
Restando três meses para a eleição que vai escolher o substituto da senadora cassada Selma Arruda (Podemos-MT), ao menos 30 políticos e aspirantes já se movimentam como pré-candidatos à vaga. A relação dos interessados no mandato reúne nomes de parlamentares federais, ex-governadores, ex-prefeitos, novatos na política e o ex-ministro Blairo Maggi (PP). Em 2018, quando Selma e Jayme Campos (DEM) se elegeram, 11 candidatos participaram da disputa.
A eleição suplementar para o Senado, marcada para 26 de abril, deve custar R$ 9 milhões aos cofres públicos. Os registros das candidaturas devem ser oficializados em 17 de março, um mês antes da disputa.
Combate à corrupção
Leia também
Juíza aposentada, Selma entrou para a política filiada ao PSL, então partido do presidente Jair Bolsonaro, com o discurso de combate à corrupção. Em sua primeira incursão eleitoral, ela conquistou quase 700 mil votos e se tornou a senadora mais bem votada de Mato Grosso.
Mas, em dezembro do ano passado, antes mesmo de ela completar um ano de mandato, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmou a cassação de seu mandato, já determinada pelo TRE-MT, por dois crimes eleitorais: abuso de poder econômico e caixa dois.
PublicidadeCom dinheiro emprestado, R$ 1,5 milhão, a ex-juíza patrocinou uma pesquisa de marketing eleitoral fora do período de campanha e não informou o gasto à corte eleitoral, concluíram os ministros do TSE. Como a chapa foi cassada, seus suplentes também perderam o direito de cobiçar a vaga, obrigando a realização de uma nova eleição para que Mato Grosso continue com três representantes no Senado.
Na campanha eleitoral, Selma ficou conhecida como a “Moro de Saia”, apelido dado a ela por mandar para a cadeia políticos acusados de corrupção, como o ex-governador Silval Barbosa (MDB).
De olho na vaga
Já conversa como pré-candidato o ex-vice-governador Carlos Fávaro, terceiro mais votado na disputa ao Senado em 2018. Há, inclusive uma demanda judicial, tocada no Supremo Tribunal Federal, em que o governador Mauro Mendes (DEM) pede que a vaga de Selma seja ocupada por Fávaro. A corte ainda não se manifestou.
Também estão na lista de pré-candidatos os ex-deputados federais Adilton Sachetti (Republicanos) e Nilson Leitão (PSDB) e a ex-reitora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Maria Lúcia (PCdoB). Ainda avaliam a possibilidade de se candidatar políticos com mandatos, como os deputados federais Nelson Barbudo (PSL), José Medeiros (Podemos), Neri Geller (PP) e Carlos Bezerra (MDB).
Segundo fontes ouvidas pelo Congresso em Foco, o ex-ministro da Agricultura e ex-governador Blairo Maggi, que deixou o Senado no início de 2019, alegando que estava abandonado a política, também vê com bons olhos a possibilidade de voltar ao Congresso. Mas ele ainda não admite o interesse publicamente.
Direitos políticos
O também ex-governador Júlio Campos (DEM) disse à imprensa mato-grossense que seu nome “está à disposição”, caso seja vontade do partido, para concorrer à vaga da senadora cassada. Ex-prefeito de Cuiabá, Roberto França (PV) também é cobiçado por legendas animadas com a briga eleitoral. O PT, até agora, pensa em dois nomes para a disputa: o deputado estadual Lúdio Cabral e o ex-deputado federal Carlos Abicalil.
A ex-juíza, além de perder o mandato, teve os direitos políticos cassados por oito anos. Logo que teve sua cassação confirmada pelo TSE, por meio de nota, Selma afirmou que “vontades políticas prevaleceram no julgamento”. Eleita senadora pelo PSL, ela se filiou ao Podemos depois de uma discussão, pelo celular, com o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ), devido à sua assinatura em favor de uma CPI para investigar ministros do Supremo Tribunal Federal. Selma faz parte do movimento “Muda Senado”, que reúne parlamentares que defendem mais transparência e mudança nas práticas políticas no Senado.
Embora tenha sido cassada pela corte máxima eleitoral, Selma ainda é senadora e deve ingressar com recurso na semana que vem, segundo a assessoria de imprensa da parlamentar. Ou seja, até agora tem mantido o salário de R$ 33,7 mil e todos os benefícios de um integrante do Senado.
De recesso, a senadora deve retornar a Brasília na próxima segunda. No mesmo dia, o comando do Senado deve definir o rito a ser seguido em relação à cassação imposta pelo TSE. Assessores do gabinete da ex-juíza não sabem ao certo que medida será tomada daqui em diante. Informaram, ainda, que na próxima semana ela também deve se pronunciar sobre o recurso e saber até quando poderá seguir com o seu mandato.
Em 8 anos voltará mais forte e será um caroço nas goelas de seus opositores!
Força senadora. O povo não a abandonará!