Desde o encerramento das eleições, no dia 30 de outubro, não foram poucos os esforços dos apoiadores mais fervorosos do presidente Jair Bolsonaro (PL) para reverter sua derrota para Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A mobilização começou com imediatos bloqueios rodoviários, seguidos de uma ação de seu partido na justiça tentando alegar fraude nas urnas, e então os protestos, ainda ativos, de manifestantes em frente aos quartéis exigindo um golpe militar para que sejam anuladas as eleições. Nesta segunda-feira (12), Lula foi diplomado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A cerimônia, para os parlamentares presentes, marca a derrota dos manifestantes golpistas e a reafirmação da vitória da democracia.
Para o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), que coordenou a bancada de oposição durante a maior parte da atual legislatura, a diplomação “é um recado claro de que as instituições não permitirão que qualquer tentativa de golpe prevaleça”. Na sua avaliação, a própria celeridade da justiça eleitoral na diplomação de Lula e seu vice, Geraldo Alckmin, no primeiro dia do prazo permitido, já é um sinal de que as instituições de Estado “querem botar um ponto final nessa história”.
Já a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) considerou a diplomação como o início de um capítulo de arrefecimento das manifestações em frente aos quartéis. “É um movimento que já reduziu muito da semana da eleição até a diplomação, e até o momento da posse, vai reduzir ainda mais. A tendência é essa. Não há espaço para isso, as nossas instituições estão muito fortalecidas. (…) Essa forma de espernear é temporária”, disse ao Congresso em Foco.
Confira as falas dos parlamentares:
PublicidadeO líder da minoria no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirma achar “lamentável” o protesto contra o resultado de uma eleição, e recomenda aos manifestantes que voltem para casa. “Nós perdemos em 2018, cumprimos o papel constitucional de fazer oposição ao presidente da República eleito naquele momento. É a mesma circunstância”, relembrou. O parlamentar também aponta para o fato de a atual legislação considerar como crime a realização de manifestações contrárias à ordem democrática.
Em 2023, assume cargo como deputado federal por São Paulo o ativista social Guilherme Boulos, do Psol, que também se pronunciou. Para ele, é chegado o momento em os manifestantes aceitem que não vai haver golpe militar para anular as eleições. “Acabou. Em uma democracia, se perde e se ganha. Eu sou torcedor do Corinthians, lamentei muito que perdeu a final da Copa do Brasil. O Corinthians não ganhou a Copa, e o Bolsonaro não ganhou essa eleição”, comparou.
Por outro lado, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) teme que, mesmo com a diplomação de Lula, os movimentos permaneçam ativos por um longo período. “Isso é um processo. É uma guerra cultural, essas pessoas vivem em um mundo que não é a realidade. Com esse processo de guerra cultural, de disputa de valores, de disputa de informação, isso ainda vai continuar, não vai acabar de uma hora para outra. (…) Eles têm um esquema de comunicação que vai manter isso incitado. Vai esvaziando, mas é um processo”, declarou.
Seu alívio, porém, estava no discurso do presidente do TSE, que comentou na cerimônia sobre o Inquérito das Fake News, do qual é relator. “Foi um discurso de continuidade da punição, achei isso importante. Nem o Lula vai recuar da quebra dos sigilos, e nem o Alexandre de Moraes do inquérito. Isso dá uma esperança de que as coisas não ficarão na impunidade, o que é muito importante para a democracia brasileira”, apontou a deputada.
Veja a entrevista de Jandira Feghali:
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