O presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), deputado distrital Wellington Luiz (MDB), realizou a leitura do pedido de instauração de uma CPI local para investigar as origens e os responsáveis pela onda de vandalismo que atingiu a Praça dos Três Poderes no último dia 8, quando as sedes dos três poderes da República foram invadidas por golpistas que exigiam a tomada do poder pelas Forças Armadas.
O requerimento contou com as assinaturas de todos os parlamentares da CLDF, com exceção do deputado Daniel Donizet (PL), que estava licenciado no momento em que o documento foi apresentado. Concluída a leitura do pedido, cada bloco parlamentar terá até cinco dias para indicar os nomes indicados para compor o colegiado, formado por sete deputados distritais.
O foco da CPI será a investigação dos responsáveis institucionais pelo ato golpista: não apenas os fomentadores do movimento, como também gestores e agentes de segurança pública que tenham negligenciado suas funções, possibilitando as invasões aos prédios públicos. Isso inclui o próprio governador afastado Ibaneis Rocha (MDB), cogitado pelo deputado Chico Vigilante (PT) como convidado a prestar depoimento.
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Inclusão da União
O líder do governo distrital, Robério Negreiros (PSD), manifestou o desejo de incluir a investigação sobre as condutas de agentes federais. “Estamos esquecendo que o Governo do Distrito Federal tem a sua responsabilidade, (…) mas deixar bem claro que precisamos ver também onde a União pecou”, declarou. Ao seu ver, há indício de que não foi disponibilizado contingente suficiente da Força Nacional de Segurança e do Exército para garantir a segurança da Esplanada dos Ministérios no dia dos atos.
No bloco de oposição, a deputada Dayse Amarilio (PSB), uma das propositoras do requerimento de CPI, contou ao Congresso em Foco que não descarta a possibilidade de inclusão de órgãos da União entre os alvos das investigações. “Sendo instaurada, a gente quer que se possa investigar tudo e todos na medida em que houver necessidade. Não é desejável que se poupe nada e nem ninguém, é uma questão que a população cobra da Casa”, declarou.
Desde o dia dos ataques, o governador Ibaneis Rocha segue afastado do governo por ordem judicial, e vem sofrendo desgaste em sua imagem desde então. Dentro de seu partido, já existem esforços pela sua expulsão. Dayse afirma que, entre os deputados de oposição, não há interesse em piorar a situação do chefe de governo. “Isso seria queimar etapas. A gente não pode entrar pensando em quem vai ou não ser desgastado. O que vai aparecer com a investigação, e as consequências disso, não são motivos de preocupação”, afirmou.
Dos sete nomes que farão parte da CPI, ao menos foram confirmados já em plenário: Chico Vigilante, Max Maciel (Psol) e Joaquim Roriz Neto (PL). Robério Negreiros também está cotado para compor o colegiado, e anunciou que, caso confirmado, abdica de indicações para presidente ou relator para não haver risco de misturar sua atuação com o papel de líder do governo.
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