PT e PSL polarizaram as eleições gerais de 2018: além de disputarem o segundo turno no embate entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad, foram os partidos que elegeram as maiores bancadas da Câmara dos Deputados – o que garantiu às legendas generosas fatias dos fundos eleitoral e partidário. O protagonismo de 2018 e os cofres cheios, entretanto, não foram suficientes para evitar as dificuldades que o PT e o PSL enfrentam na disputa municipal deste ano.
Um dos indicadores que apontam essas dificuldades é a relação entre o tamanho da bancada e a quantidade de candidatos lançados. O dado foi mostrado em primeira mão pelo Farol Político, publicação semanal de análise política do Congresso em Foco.
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De modo geral, os números mostram que o tamanho das bancadas na Câmara mantêm certa correspondência com o número de candidatos nas eleições municipais.
Dos 33 partidos, só 13 apresentam um descasamento maior que 1% (em valores absolutos) entre a participação da sigla na composição da Câmara e o número de candidaturas. Bancadas maiores apresentam chapas municipais relativamente mais numerosas, e vice-versa: as bancadas menores têm menos candidatos. Segundo as pesquisas, entre as 26 capitais estaduais, o PT só lidera em Vitória, com o ex-prefeito João Coser. O PSL não aparece à frente em nenhuma delas.
Chamam a atenção as diferenças para PT (-4,84%) e PSL (-5,98%), que possuem bancadas de deputados federais bastante mais significativas do que sua participação no número de candidaturas municipais.
Isso sugere, segundo os analistas do Farol, que PT e PSL enfrentaram dificuldades reais para encontrar candidatos para a disputa, já que são os partidos que mais recebem recursos do fundo partidário. Em outras palavras: notam-se aí possíveis sinais de declínio – ou, no mínimo, de uma má fase – das duas legendas.
Capilaridade
Na visão do cientista político Ricardo de João Braga, analista do Farol, os dados mostram falta de capilaridade dos dois partidos. Outro número que reforça essa tese é a quantidade de candidatos a prefeitos lançadas no país em 2020. Ainda que tenham as maiores bancadas e as maiores fatias dos fundos públicos, PT e PSL estão distantes dos partidos que lideram o ranking do número de candidatos a prefeito.
Ricardo tem duas hipóteses para explicar essa má-fase dos dois partidos antagonistas. No caso do PSL, ele associa as dificuldades nas eleições municipais às disputas na bancada que começaram no ano passado e culminaram com um racha entre os parlamentares e a saída de Bolsonaro da sigla.
Já em relação ao PT, a hipótese de Ricardo é de que houve um “envelhecimento” das lideranças e uma “necrose na burocracia”, que levou o partido a recorrer a lideranças mais antigas, como a deputada Benedita da Silva (PT-RJ), no Rio de Janeiro, e lideranças menos expressivas, como Jilmar Tatto, em São Paulo.
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