A pesquisa Datafolha divulgada no fim de semana ajuda muito a entender por que se dá a polarização política entre o presidente Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro. O Brasil se encontra dividido em três fatias mais ou menos do mesmo tamanho. Se Lula é o dono da primeira fatia e Bolsonaro é o dono da segunda, o restante do mundo político precisa brigar por protagonismo na fatia do meio. Como ninguém nesse meião sobressai, fica o país dividido entre os dois polos que disputaram a última eleição.
De acordo com o Datafolha, Lula tem 38% de ótimo e bom. Os que acham seu governo ruim ou péssimo são 29%. E há 30% nesse meio, que consideram o governo regular, nem uma maravilha nem horrível.
Dada a amplíssima aliança que se uniu a Lula no segundo turno diante da ameaça de ruptura democrática que Bolsonaro representava, é difícil encontrar entre os que consideram o governo ruim ou péssimo quem se identifique com algum outro nome na política que não seja Jair Bolsonaro. E, é claro, quem julga que o governo é bom ou ótimo está com Lula. Ou vai neste momento se recolher em suas pretensões porque está dentro do governo. Casos, para citar apenas dois, do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) ou da ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB).
Leia também
Não sobra, assim, ninguém que a massa do meio identifique como alternativa política. Como ninguém desponta, segue a polarização. No fundo, já quem avalie que muito da votação em outubro, especialmente no segundo turno, já se deu assim. Não era um voto em Lula ou Bolsonaro. Era um voto contra Bolsonaro ou contra Lula.
Se esse quadro pode provocar um limbo para esses 30%, essa, no fundo, pode não ser uma notícia tão ruim assim para Lula. Pelo menos, é assim que seus analistas políticos estão avaliando a pesquisa. Os 30% que consideram o governo regular é a massa a ser conquistada. Como Lula está no poder, e Bolsonaro fora dele, a avaliação é que a chance maior de conquista estaria no governo. Principalmente se Bolsonaro seguir com a falta de disposição para o trabalho que demonstra até agora.
O governo avalia que a maior parte dessa massa está na classe média. A população mais pobre sempre esteve com Lula. E é entre os mais ricos que Bolsonaro prepondera. Lula já começou a falar para a classe média. A considerar que ninguém mais perdeu nos últimos anos do que ela. É para a classe média que ele pretende fazer suas próximas entregas. E assim tentar levar para si essa terceira fatia do bolo.
Publicidade
Deixe um comentário