“Eu vou te matar, sua vagabunda. […] Achei quatro falhas em criptografias militares, infinitamente dez vezes mais fortes que a do Pentágono. Eu já tenho seus dados e os dados de toda sua família. Viajarei até sua casa com a arma que estou enviando a foto em anexo, tenho 200 balas, assim fazer a festa no seu cafofo e provavelmente morrer em um belo confronto com a polícia depois de estuprar você e todas as crianças presentes.”
O trecho acima faz parte da mensagem enviada à jornalista Vanessa Lippelt, editora do Congresso em Foco, na noite desse domingo (5). O texto, com a foto de uma arma que, segundo o autor, seria usada no assassinato da jornalista, foi encaminhado ao e-mail da redação do site. A mensagem foi entregue nesta segunda-feira (6) por Vanessa ao Departamento de Polícia Especializada, da Polícia Civil do Distrito Federal.
A editora é a segunda integrante da equipe do Congresso em Foco a receber ameaça de morte após a publicação de uma reportagem sobre as táticas do 1500chan, um fórum anônimo, para produzir fake news em favor do presidente Jair Bolsonaro (PL). O autor da matéria, Lucas Neiva, foi o primeiro a ser ameaçado, ainda no sábado (4), após a matéria ser publicada. Os dois jornalistas também tiveram dados pessoais vazados na plataforma.
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Vanessa teve seu nome identificado pelo 1500chan por já ter feito matéria sobre o fórum anônimo. Entre outras revelações, a reportagem de Lucas mostra como um usuário do fórum oferece pagamento com criptomoedas por conteúdos eleitorais em favor do presidente que repercutissem na internet.
O autor do e-mail encaminhado à redação cita CPF e CEP de Vanessa. A mensagem foi assinada por uma pessoa que indicou um endereço em Curitiba como se fosse o da sua residência, além de um nome completo. “Pode denunciar e mandar me buscarem. Quando chegarem aqui, já estarei bem longe, a caminho da sua casa”, escreveu a pessoa em tom de desafio.
Entidades representativas do jornalismo e parlamentares repudiaram as ameaças aos jornalistas do Congresso em Foco. A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) vai solicitar ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que apure as denúncias feitas pela reportagem. A Comissão de Direitos Humanos e Minorias do Senado também anunciou que vai investigar o caso.
Vanessa é autora de reportagem publicada na semana passada sobre a existência de cursos paramilitares voltados para crianças de cinco a 15 anos, cujas atividades emulam ações militares utilizando simulacros de armas de fogo. O presidente da Frente Parlamentar da Educação, Professor Israel (PSB-DF), apresentou requerimento para que a Comissão de Educação investigue o assunto.
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