Ao longo de seus quatro anos de governo, o presidente Jair Bolsonaro (PL) colecionou o apoio de lideranças políticas, sociais e religiosas que constantemente se juntam ao chefe do Executivo em seus discursos de ataque às demais instituições. Na última quarta-feira (17), o portal Metrópoles iniciou a publicação de uma série de reportagens mostrando que empresários de grandes marcas têm se manifestado abertamente em um grupo de Whatsapp a favor de um golpe e de Estado em caso de vitória de Lula nas eleições de 2022.
Apesar dos vazamentos apresentarem posturas explícitas de parte dos empresários, nem todos os citados protagonizam pela primeira vez em escândalos envolvendo o apoio a posturas golpistas vindas do presidente, ou mesmo envolvendo ataques a grupos antagônicos a Bolsonaro. Alguns dos nomes descritos já inclusive tentaram utilizar suas empresas para favorecer o presidente, antes ou depois de eleito.
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Exemplo do uso político das empresas se deu na Autotrac, companhia que atua no ramo do rastreamento de frotas de caminhões e tem como proprietário o ex-piloto de Formula 1 Nelson Piquet, empresário que teve mensagens vazadas em que defendeu a censura à Rede Globo pois considera que “a guerra ao presidente do Brasil já não é mais velada, tornou-se escancarada e desproporcional, levando a uma inversão de papéis que atenta contra a democracia”.
O apoio de Piquet a Bolsonaro se tornou uma posição conhecida publicamente em 2021, quando pilotou o Rolls-Royce presidencial para levar o presidente ao protesto de Sete de Setembro, onde seus apoiadores exigiam o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF). A origem da parceria entre os dois, porém, começou em 2018, onde apoiou sua campanha eleitoral.
No mesmo ano, porém, a Autotrac não ficou de fora da campanha política de seu proprietário. Durante a campanha eleitoral, foi filmado discursando de forma homofóbica durante uma reunião em que tentou constranger funcionários favoráveis ao petista Fernando Haddad, questionando “quem é o viado aqui que vai votar nesse PT?”, indicando logo em seguida o voto em Bolsonaro.
No ramo gastronômico, o proprietário do Coco Bambu, Afrânio Barreira, foi flagrado respondendo com a figura de aplausos a mensagem do empresário José Koury, proprietário do shopping fluminense Barra World, onde se manifesta abertamente em favor de um golpe de Estado em caso de vitória eleitoral do PT, e afirmando que uma ditadura não seria um problema pois não impediria investimentos estrangeiros. Quando questionado, porém, Afrânio afirmou não defender qualquer atentado à democracia.
O gesto de Afrânio Barreira, porém, não foi seu primeiro aceno em favor de pautas bolsonaristas. No ano de 2020, quando a covid-19 chegou ao Brasil, o empresário foi um dos defensores da posição do presidente, que tentava impedir a adoção do isolamento social em estados e municípios. Afrânio também foi um dos defensores da distribuição de cloroquina no lugar das medidas recomendadas por profissionais de saúde para impedir a dispersão da doença.
Na mesma linha, posicionou-se o empresário Junior Durski, proprietário das redes Madero e Jeronimo, que sofreu um boicote no início da pandemia ao divulgar um vídeo em suas redes sociais defendendo que “o Brasil não pode parar por 5 ou 7 mil mortes”, e que o impacto econômico do isolamento social seria pior do que as mortes provocadas pela covid-19.
Ao contrário de Afrânio, Durski não foi citado entre os vazamentos das mensagens de empresários. Seu apoio a um golpe se deu em março de 2021, quando publicou um vídeo confirmando sua participação no ato do dia 15, quando manifestantes ocuparam a Praça dos Três Poderes exigindo o fechamento do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional. “Estou 100% com o presidente Jair Bolsonaro, em quem eu tenho muito orgulho de ter votado, de ter trabalhado na campanha, de ter ido para a rua todas as vezes em que tivemos que ir e que vamos de novo para as ruas neste 15 de março”, declarou.
No ramo comercial, dois dos vazamentos eram de proprietários de marcas conhecidas: Luciano Hang, dono da Havan, notório defensor de Jair Bolsonaro e um dos investigados na CPI da covid-19; e Marco Aurélio Raymundo, conhecido como Morongo, dono da marca esportiva Mormaii, flagrado em diversas mensagens defendendo o uso de violência contra rivais de Bolsonaro.
Marca menos conhecida, mas de igual ou maior relevância que as demais, já é a Multiplan, do empresário José Isaac Peres. Sediada no Rio de Janeiro, trata-se da empresa responsável pela gestão de alguns dos principais shopping centers do país, entre eles as unidades do Park Shopping no DF, RS, SP, PR, AL, do Barra Shopping no RJ, do Morumbi Shopping em SP e diversos outros empreendimentos no sul e sudeste do país.
A fortuna de José Isaac Peres ultrapassa a casa dos milhões, com um patrimônio declarado de US$ 1,2 bilhão. Convertido em reais, esse valor atinge mais de R$ 6 bilhões.
Além de Isaac Peres, também foi flagrado o empresário José Koury, proprietário do shopping fluminense Barra World, defendendo o uso das forças armadas como ferramenta de legitimação de um golpe por parte de Bolsonaro. Seu shopping fica no bairro do Recreio, zona nobre do Rio de Janeiro. Segundo ele, suas mensagens não foram de defesa de um golpe, mas não nega que prefere uma ruptura institucional a uma vitória do PT nas eleições.
Confira a seguir a lista de empresas citadas nos vazamentos, bem como de outras cujos proprietários já manifestaram apoio a atos antidemocráticos:
-Autotrac
-Havan
-Coco Bambu
-Madero (proprietário apoiou os atos antidemocráticos de março de 2020)
-Jeronimo
-Multiplan
-Barra World
-Mormaii
-Valevisa
-Tecnisa
-Grupo Sierra
-Valeshop
-Ecap engenharia
-Thavi Construction
-Polishop (proprietário apoiou atos contra o STF em 2020)
-Riachuelo (proprietário apoiou atos contra o STF em 2020)
Todas as empresas acima foram consultadas pelo Congresso em Foco sobre a posição com relação às atitudes de seus proprietários. A Tecnisa, que emitiu o seguinte pronunciamento: “A Tecnisa é uma empresa apartidária, que defende os valores democráticos e cujos posicionamentos institucionais se restringem à sua atuação empresarial”.
Também foi consultada a Smartfit, cujo sócio Edgard Corona responde no Inquérito das Fake News, que tramita no STF, por conta do vazamento de mensagens do empresário em grupos do whatsapp, onde ele teria divulgado mensagens falsas em favor de Jair Bolsonaro para atacar o ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e proposto financiar meios de proliferação das mensagens. A assessoria de comunicação da empresa encaminhou a seguinte nota: “A Smart Fit não faz parte de lista de vazamento citada pela reportagem, nem tampouco tem entre seus acionistas um apoiador de atos antidemocráticos.”.
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