A cúpula da campanha de Jair Bolsonaro não esperava por isso. Mal começou o segundo turno e, ao contrário do que aconteceu em 2018, é sobre ele que as redes sociais estão sendo invadidas com vídeos e postagens de ataques que viralizaram. A estratégia de bater forte, abaixo da linha da cintura, com mensagens que contam meias-verdades ou tiram determinadas declarações de contexto agora não parece mais ser somente exclusividade dos bolsonaristas. É aconselhável tirar as crianças da sala, porque da cintura para baixo tudo virou canela.
Veja o comentário em vídeo:
Três postagens contra Bolsonaro viralizaram. A primeira é aquela que o mostra fazendo um discurso em uma loja maçônica. Inclusive, em alguns casos, com a falsa inserção de uma imagem de Baphomet, símbolo satânico. Um claro ataque que visa virar votos religiosos, um pouco de católicos mas principalmente de evangélicos. A partir da falsa associação da maçonaria com satanismo.
No fundo, nada muito diferente do kit gay ou da mamadeira de piroca. Diante do fato de que a esquerda abarca mais a diversidade de gênero, o que é muito positivo, distorce-se a coisa para produzir falsas ameaças à família tradicional e à sexualidade das crianças. No caso agora, investe-se em certo preconceito contra a maçonaria.
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Preconceito baseado em ignorância. E talvez seja hora de a própria maçonaria avaliar isso. Os maçons não praticam rituais satânicos. Por outro lado, os que não são iniciados na maçonaria muito pouco sabem sobre o que realmente acontece ali, porque se trata de uma organização secreta. O que, cá entre nós, é algo bem démodé a essa altura. Organizações secretas podiam ter o seu charme até o século 19. Mas não fazem mais nenhum sentido na era da informação (que talvez fosse mais adequado a essa altura chamar de era da desinformação). Se os rituais maçônicos fossem mais conhecidas, talvez houvesse menos preconceito sobre eles.
PublicidadeO outro vídeo que viralizou é o que mostra Bolsonaro dizendo que aceitaria comer carne humana. Na entrevista ao jornal americano The New York Times, ele conta que estava em uma aldeia onde morrera um indígena. E que ali era da cultura daquele povo fazer um ritual antropofágico (o que não é “canibalismo” como a coisa viralizou). E que ele queria ir lá comer o homem. Só não foi porque não deixaram. Na mesma entrevista, ele afirma que só não teve relações sexuais com mulheres famintas no Haiti por falta de higiene.
Finalmente, resgata-se uma entrevista em que Bolsonaro mostra-se favorável ao aborto, algo fortemente condenado pelos grupos de direita que o apoiam, por pessoas como, por exemplo, a agora senadora eleita Damares Alves. Na entrevista, ele afirma que o aborto deve ser uma “decisão do casal”. E aponta que cogitara isso com relação ao seu filho 04, Jair Renan. Mas teria prevalecido a decisão da mãe de Jair Renan, Ana Cristina Valle, de ter a criança.
Se a decisão de fazer viralizar tais temas partiu do comando da campanha de Lula ou de apoiadores, nunca se vai saber. Mas parece ser uma reação ao fato de Bolsonaro ter avançado fortemente na reta final do primeiro turno. Já avaliamos por aqui que, muito mais do que demonizar os institutos de pesquisa, a explicação mais possível é que eles não tenham identificado uma transferência na reta final de votos de antilulistas que optavam por Ciro Gomes, do PDT, e por Simone Tebet, do MDB, para Bolsonaro. Diante do avanço, alguém decidiu parar Bolsonaro com falta.
Os próximos dias dirão se a coisa irá seguir nesse vale-tudo inicial. Até porque o período de propaganda eleitoral ainda nem começou. Pelo que se viu na saída, porém, parece claro que a turma de Lula resolveu desta vez abrir mão das luvas de pelica. A coisa estará mais para luvas de boxe.
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