Se você ainda tem dúvidas de que internet é poder, agora você vai ter certeza de que rede social pode, sim, te dar uma vaga de deputado, senador e até governador.
Você quer ser político? Sonha em ganhar um mandato para poder representar a sua cidade, defender os interesses de um grupo representativo, lutar com unhas e dentes por uma causa? Então esqueça os comícios. A política mudou, então é bom você contratar um bom operador de marketing digital, pois é ali que está o segredo de uma campanha barata e bem sucedida.
Esta edição do Papo de Futuro está bastante didática e pragmática. A razão é simples: eu ouvi, no plenário, um deputado dizer: quem me elegeu foram as mídias sociais!
Como será que essa confissão soou para os companheiros de partido, a legenda, os apoiadores, os cabos eleitorais? Pensar que a exposição nas redes angariou votos por todo o Brasil pode parecer uma ideia um pouco reducionista, não?
Imagina que sonho de consumo você não precisar mais de propaganda gratuita no rádio e na TV, não lutar pelos recursos do fundo partidário e não dilapidar seu patrimônio para pagar material impresso, contratar cabo eleitoral e financiar atividades de militância e mobilização de rua?
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Um estudo sobre eleições do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (Ibpad) revelou que as campanhas mais caras não foram necessariamente as vitoriosas. Também mostrou que algumas campanhas de sucesso gastaram metade de outras que não lograram êxito.
O diretor-executivo do Ibpad, Max Stabile, tenta explicar onde está a mágica de gastar menos e ainda levar a vaga, e o que as redes sociais têm a ver com isso e com o dia seguinte da política:
“O que a gente viu é que as redes sociais são suficientes para lançar uma carreira política, mas não sabemos se é suficiente para manter uma carreira política. Vimos em eleições passadas diversos candidatos que nós achávamos desconhecidos da política nacional e foram eleitos, com audiências incríveis, mas que não tiveram o mesmo sucesso nas eleições seguintes. Por diversos problemas ou manifestações diferentes, não sabemos se tem como uma correlação como um todo, mas sabemos que elas são suficientes para lançar uma carreira política.”
Então quer dizer que todo jornalista já é um candidato em potencial, já sai lá na frente? E a conquista do eleitorado, o trabalho de formiguinha? As ideias, a comunicação, as pesquisas, nada disso conta?
Assim como ganhar dinheiro na internet não é para amadores, conquistar um mandato político, seja no nível municipal, estadual ou federal, também não é para principiantes. E fazer sensacionalismo, promessas difíceis de cumprir ou falas mais apelativas de engajamento pode ser uma estratégia bastante furada, alerta Max Stabile:
“Acho que o maior erro de lançar erro de usar exclusivamente as redes sociais é que muitas vezes a rede reage bem a posições fortes, contundentes, o famoso vamos “lacrar” na rede, vamos detonar o nosso oponente, porque isso viriliza, esse é um incentivo que as próprias redes dão, de acordo com o algoritmo e o funcionamento dela. O problema é que, após eleito, o próprio arranjo político pede que você tenha um posicionamento nem um pouco radical e, às vezes, o candidato precisa apoiar uma ação, uma política pública que ele era contrário. E na rede está tudo gravado e os seus seguidores vão te cobrar pelo seu posicionamento.”
Então, em que momento a rede aliena e desinformada, e em que momento ela pode ser libertária, informativa e emancipadora das ideias, das campanhas e da defesa dos interesses públicos e das causas sociais?
Além de falar a verdade, como lembra o cientista político Max Stabile, você precisa investir na profissionalização da sua equipe de campanha para disputar uma vaga à Câmara dos Deputados, à Assembleia Legislativa ou a senador. E, apesar de tanto lixo que a gente vê nas redes sociais, a comunicação direta entre candidato e eleitor foi um ganho, conforme ele explica:
“As redes podem ser, sim, um fortalecimento dos nossos processos democráticos. A gente ainda está aprendendo a usar essa rede de um modo especial, na medida em que ela permite um contato e uma cobrança mais próximos entre o eleitor e a carreira política. Ela pode sim ser um ativo fundamental para essa democracia e, principalmente, para essa capacidade de cobrança e acompanhamento e do andamento político sem ter um mediador no meio do caminho, que é uma etapa da mídia, da imprensa, ou um outro mediador que nos filtra sobre o que está acontecendo, que pode ser bom, claro, mas nos dá a possiblidade de acompanhar de forma direta o que o nosso político está fazendo. De uma maneira geral, ainda que tenha diversos problemas de desinformação, eu tenho certeza que as redes sociais fortalecem o nosso processo democrático.”
É um alívio saber que dinheiro não é tudo. Eu fecho lembrando que, pela análise do instituto, uma campanha de R$ 50 mil que souber investir em bons produtores de conteúdo, marketing, monitoramento e pesquisas, por exemplo, pode se sair melhor que uma campanha de R$ 2 milhões que não investiu os recursos da forma correta.
É isso que a gente chama de poder informacional! Quem tem informação, rede e presença tem poder.
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