Em 2023, como anunciou o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, o Brasil voltará a ter um espaço único na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP), maior evento mundial na discussão do clima, abrigando representação oficial e a sociedade civil. Desde 2019, com o desprezo do governo de Jair Bolsonaro à agenda do clima, esta unidade não ocorre. Foi o que levou à criação do Brazil Climate Action Hub, o espaço das organizações brasileiras nas COPs, que encerrou nesta sexta-feira (18/11) sua última edição depois de garantir, por três anos, um espaço democrático aos diversos atores engajados na agenda climática.
O Instituto Clima e Sociedade (iCS), o Instituto Climainfo e o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), coordenadores do Brazil Hub, consideraram acima das expectativas a participação e repercussão do espaço nesta COP27, no Egito. Foram 52 eventos entre os dias 8 e 18 de novembro, com presença multisetorial e debate plural, reunindo sociedade civil, juventude, movimento negro, quilombolas, povos indígenas, parlamentares, governadores, representantes do governo de transição, setor privado, comunidade internacional.
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Os painéis – assistidos presencialmente e transmitidos ao vivo – abordaram questões fundamentais para a agenda climática brasileira. A procura foi tão grande que muitas vezes o público lotou até os corredores próximos ao Hub para ouvir os debates.
Presença de Lula
Além das discussões de alto nível, as entidades apresentaram propostas concretas de governo para o presidente eleito e a equipe de transição, representada por lideranças como as ex-ministras Marina Silva e IzabellaTeixeira. O próprio Lula foi convidado especial do Brazil Hub. Este foi um dos pontos altos do Brazil Hub este ano, na avaliação da assessora de Relações Internacionais do iCS e coordenadora do espaço nas três edições, Cintya Feitosa.
“Propostas construídas ao longo desses anos amadureceram e foram entregues para a construção da agenda de clima do próximo governo. Muitas delas surgiram no Hub, que também se tornou o espaço onde as organizações queriam fazer o lançamento de suas iniciativas”, contou Cyntia. “É um sinal de que quem construiu estratégias para superarmos o desmonte ambiental e climático dos últimos anos enxergou no Hub a possibilidade do reconhecimento dos brasileiros e da comunidade internacional”.
No encontro organizado pelo Brazil Hub com Lula e sua comitiva, a sociedade civil teve a oportunidade de mostrar ao novo governo e à comunidade internacional os esforços que empreendeu para manter em alta a pauta climática mesmo diante da inação do atual governo federal. “E não foi só uma resistência, mas um espaço de debates, de pensar em caminhos e soluções concretas”, afirmou a coordenadora do Hub.
PublicidadeNa COP27, o Brazil Hub também se tornou um local de debate com a comunidade internacional. Representantes de países do Sul Global, como Indonésia, Congo e África do Sul, participaram de painéis que discutiram florestas e transição energética justa nos países em desenvolvimento, as NDCs. O Brazil Hub ajudou a mostrar que o movimento climático mudou e passou a ter maior participação de ativistas diversos. “Fica claro que a pauta climática nunca foi só ambiental. É econômica, de redução de desigualdades, de inclusão social, de qualidade de vida e bem-estar, de trazer novos movimentos à tona e propostas inovadoras”, disse Cintya.
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