Na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), primeira e até o momento única casa legislativa a aprovar a criação de uma CPI para investigar as causas dos atos golpistas de 8 de janeiro na Praça dos Três Poderes, o deputado Chico Vigilante (PT) foi eleito para presidir o colegiado. A escolha de seu nome, que compõe o bloco de oposição ao governador afastado Ibaneis Rocha, marca o fim do impasse de lideranças da Casa para iniciar os trabalhos da comissão.
O requerimento de abertura da CPI dos atos golpistas foi lido ainda na segunda metade de janeiro, e foi aprovado por unanimidade. O consenso, porém, não refletiu nos planos do colegiado: apesar de minoritária, a oposição reivindicava um cargo na mesa diretora da comissão, uma vez que partiu dela a iniciativa. A discussão durou até a tarde desta terça-feira (7).
Como parte do acordo entre oposição e governo, Chico Vigilante convidou Hermeto (MDB), aliado de Ibaneis, para assumir a relatoria da comissão. Ao Congresso em Foco, o presidente afirmou que as reuniões deverão começar assim que o relator concluir a elaboração do cronograma de trabalho. A CPI deverá investigar tanto os agentes responsáveis de forma dolosa ou culposa pelos ataques do dia 8 de janeiro quanto pelos de 12 de dezembro de 2022, quando golpistas incendiaram a zona central de Brasília.
“Esta CPI tem que mostrar para a sociedade quem foram os responsáveis pela baderna, quem financiou todo o caos observado, por que houve financiamento desses episódios e o que queriam as pessoas que agiram nos atos antidemocráticos”, declarou o deputado em plenário após o pleito, que também anunciou o plano de incluir quadros da Polícia Civil do Distrito Federal na investigação.
Os objetivos do governo e da oposição divergem na CPI, motivo inclusive para o impasse no estabelecimento das lideranças. A ala governista pretende investigar ações e omissões de agentes federais encarregados de impedir o ataque de 8 de janeiro, o que pode afetar quadros do governo federal. Já a oposição pretende se concentrar nas omissões dos órgãos de segurança distritais, o que pode desgastar ainda mais a posição de Ibaneis Rocha. Em seu discurso, Chico Vigilante anunciou que vai “investigar tudo o que a CPI puder investigar, dentro da legalidade”.
O primeiro depoimento em mente para Chico Vigilante deverá ser de Fernando de Sousa Oliveira, que, na ausência de Anderson Torres, que estava nos Estados Unidos, assumia interinamente o cargo de secretário de segurança pública do DF no dia dos atos golpistas contra as sedes dos três poderes da República.
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