Cristiane Prizibisczki
((o))eco
No primeiro trimestre de 2023, o desmatamento no Cerrado chegou a 188,2 mil hectares, número 35% maior do que o registrado no mesmo período de 2022, quando foram desmatados 139,8 mil hectares. A área perdida no bioma em apenas 90 dias foi maior do que a cidade de São Paulo (152,1 mil ha). Os dados, do Sistema de Alertas de Desmatamento (SAD) do Cerrado, foram divulgados nessa sexta-feira (14).
O aumento na destruição do bioma surpreendeu os pesquisadores do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), responsáveis pela ferramenta, em parceria com a rede MapBiomas e com a Universidade Federal de Goiás.
“Normalmente temos uma baixa detecção de alertas na época chuvosa devido à alta cobertura de nuvens, e também devido ao próprio calendário agrícola. Por isso, esse aumento significativo de desmatamento no primeiro trimestre em relação aos últimos dois anos é bastante preocupante”, disse Tarsila Andrade, analista do Ipam.
Dos 188,2 mil hectares desmatados no Cerrado no primeiro trimestre, aproximadamente 48 mil estão na Bahia, segundo o SAD Cerrado. O estado concentrou 25% das novas áreas de desmatamento do bioma no período. A área desmatada mais que dobrou em relação ao primeiro trimestre de 2022, quando foram registrados 20,2 mil hectares derrubados no estado da Bahia.
O resultado, segundo o Ipam, foi impulsionado pelo desmatamento em municípios do oeste baiano, dentro da fronteira agrícola do Matopiba – que compreende os estados Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. No trimestre, o Matopiba concentrou 64% do desmatamento do bioma.
Publicidade“Essa expansão está ocorrendo em áreas de alta importância para manutenção da conectividade entre áreas protegidas da região, e também dentro de territórios tradicionais, fomentando diversos conflitos sociais na região”, afirma a pesquisadora do Instituto.
O tamanho das áreas de Cerrado desmatadas também aumentou. Segundo levantamento do SAD, entre janeiro e março de 2023, alertas de desmatamento com mais de 50 hectares corresponderam a 51,3% de todo o desmatamento registrado. Em 2022, áreas desse tamanho representavam menos de 30% de todos os alertas de desmatamento registrados para o bioma.
Texto produzido e publicado originalmente pelo site ((o))eco