A Polícia Civil de São Paulo iniciou as buscas pelo guarda municipal que tentou assassinar o microempresário Pedro Azpilicueta, de 28 anos, no município de Mogi das Cruzes, motivado por racismo. O guarda José Carlos de Oliveira, de 57 anos, é considerado foragido desde o dia 9, quando tentou agredir Pedro na porta de sua casa com uma barra de ferro e, em seguida, disparou três vezes contra ele. O advogado de Pedro, Ewerton Carvalho, conta que o seu cliente e sua família já eram alvo de ataques racistas há anos por parte de José Carlos.
O anúncio do início das buscas foi feito pelo próprio advogado, depois de acompanhar a família da vítima na delegacia para prestar depoimento. O prefeito do município, Caio Cunha (Podemos), também se pronunciou. “O autor dos disparos já está afastado das suas atividades. Solicitei a imediata abertura de sindicância para uma possível exoneração. Esse fato lamentável não representa nossos servidores e a guarda municipal. Minha solidariedade à família e estima de melhoras à vítima”, disse em suas redes sociais.
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O jovem foi atingido no rosto. Ele levou 11 pontos entre a bochecha e o queixo e ainda teve parte do intestino grosso retirado por conta da bala que transpassou o órgão.
Histórico de racismo
O caso ganhou repercussão na última semana, quando Ewerton Carvalho divulgou os vídeos das câmeras de segurança não apenas revelando o ataque por parte de José Carlos, como também a atitude diária dele de deixar cascas de banana jogadas na frente da casa de Pedro e seus familiares. “Ele já ataca a família de Pedro há anos com ataques racistas, isso são apenas alguns exemplos do que ele já fez”, conta.
A irmã de Pedro, Ana Terra Azpilicueta, já relata que o racismo e a discriminação sempre foram práticas constantes do guarda municipal, não apenas com sua família, mas com toda a vizinhança. “Seja as crianças autistas que brincavam na rua onde ele largava o portão aberto com dois rottweilers e um pastor alemão soltos, seja com uma mãe cuja criança com Síndrome de Down e fez muito barulho na calçada dele, seja com o gordo lá na esquina, seja com o preto dentro de casa”, desabafou.
Ela afirma que a mãe de Pedro também já foi alvo dos ataques, tendo sido perseguida no caminho de volta do trabalho de José Carlos, que a seguiu com seu cachorro enquanto gritava ofensas. “Fora as vezes que ele já havia mostrado a genitália pra ela”, acrescentou. De acordo com ela, a família sabia que era uma questão de tempo até o guarda partir para uma agressão física ou tentativa de homicídio.
Segundo Ewerton, não faltaram tentativas de procurar ajuda com as autoridades locais. “A família de Pedro já fez vários boletins de ocorrência ao longo dos anos denunciando os crimes por parte do vizinho racista. A polícia e a guarda municipal de Mogi das Cruzes cruzaram os braços e não fizeram nada”.
O advogado também informa que Pedro passa bem, com previsão de receber alta em breve após receber três tiros nas costas. “Nós não vamos mais deixar nenhum crime de racismo, nenhuma injustiça contra o povo preto, contra o povo pobre desse país passar impune”, declarou. (Por Lucas Neiva)
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