Diante dos conflitos entre fazendeiros e indígenas na Terra Indígena Caramuru-Catarina Paraguaçu, na Bahia, que resultou na morte da líder Nega Pataxó, o cacique Nailton Pataxó solicitou à comitiva da ministra dos Povos Originários, Sônia Guajajara, que a Força Nacional de Segurança seja acionada para garantir a proteção não apenas da comunidade, mas do próprio hospital para onde foram encaminhados os feridos.
O confronto foi provocado por fazendeiros que se organizaram em um grupo autointitulado “Invasão Zero”, que no último domingo (21) tentaram retomar à força uma fazenda reivindicada pelos indígenas do povo Pataxó-hã-hã-hãe. Armados com armas de fogo, eles cercaram a propriedade com caminhonetes e abriram fogo contra os ocupantes. Nailton Pataxó foi atingido em um dos rins e se encontra internado, e Nega Pataxó morreu durante o conflito. Outros indígenas foram feridos, e um dos fazendeiros foi atingido por uma flecha no braço.
Ao receber no hospital a comitiva ministerial, Nailton relatou que a Polícia Militar do estado da Bahia testemunhou o ocorrido e nada fez para deter os fazendeiros. “Saíram mais de 15 viaturas. (…) A Polícia Militar assistiu toda a cena. Conversou com eles e depois abriu a estrada para eles. Eles [os fazendeiros] já entraram atirando, e a Polícia Militar também estava atirando. Alguns estavam atirando de fora”, narrou.
O líder indígena solicitou à ministra e aos demais membros da comitiva para que encontrem uma forma de pacificar a região e responsabilizar os autores do ataque. “O que está acontecendo é um genocídio. O que está acontecendo é uma guerra com o pensamento de extermínio do nosso povo. O nosso povo precisa viver, porque a história do nosso povo enriquece o nosso país”, ressaltou.
A deputada Célia Xakriabá (Psol-MG), presidente da Comissão da Amazônia e dos Povos Originários na Câmara, compôs a comitiva, e se pronunciou sobre o pedido de convocação da Força Nacional. “Vamos agir para garantir a integridade dos indígenas. Em diálogo com a comunidade, buscamos tomar os devidos encaminhamentos diante dessa terrível violência”, declarou.
O Congresso em Foco questionou a Polícia Militar da Bahia sobre a alegação de que policiais teriam testemunhado e até mesmo colaborado com os fazendeiros envolvidos no ataque. Segue a seguir a íntegra do posicionamento da corporação:
Publicidade“Na tarde de domingo (21), policiais da 8ª CIPM e da Cipe Sudoeste intervieram em um confronto entre fazendeiros e indígenas em uma propriedade rural em Itapetinga.
No local, os pms encontraram duas pessoas atingidas por disparos de arma de fogo e que foram conduzidas a uma unidade de saúde. Uma delas não resistiu aos ferimentos. Um homem, atingido no braço por uma flecha, também foi socorrido.
Durante as buscas, os pms localizaram duas pistolas e uma foice. Dois homens, cada um portando um revólver, foram presos. Os suspeitos e todo material apreendido foram apresentados à Policia Civil.
Posteriormente, chegou ao conhecimento da PM que deram entrada no hospital outras seis pessoas com ferimentos provenientes do embate.
O policiamento na região segue sendo realizado com intuito de prevenir novos confrontos.
A investigação das circunstâncias do fato e a identificação dos envolvidos na contenda são empreendidas pela Polícia Civil.
Qualquer cidadão que se sinta ofendido por ação de policiais militares pode apresentar denúncia na Ouvidoria (0800 284 0011) ou na Corregedoria da PM, localizada na Rua Amazonas, nº 13, Pituba, em Salvador“
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