Vivemos momentos complicados. Creio que mais graves do que o suicídio de Getúlio Vargas e da edição do Ato Institucional nº 5, que enterrou de vez a esperança do povo em retornarmos à democracia prometida por Humberto Castello Branco, presidente escolhido com o apoio do povo, do Congresso Nacional e de Juscelino Kubitschek, favorito nas eleições de 1965.
Por pressões da linha dura, Castello se curvou, e começaram as cassações de parlamentares. Para chegarmos à ditadura foram só três anos e um longo período de eleições com cartas marcadas até a eleição de Tancredo Neves. Daí para frente, e com a Constituição de 1988, o país superou a tudo e a todos, e se consolidou.
Agora, mais uma vez, chegamos à encruzilhada e teremos que escolher o caminho.
As palavras assustam, os discursos aterrorizam; as falas são falaciosas. De um lado, um candidato do Partido dos Trabalhadores com um currículo profissional e intelectual de bom conceito. Este é, na realidade, uma marionete do ex-presidente Lula, que nos enganou quando se mostrou um candidato que queria fazer um bom governo, respeitando os direitos dos cidadãos e a Constituição – que não assinou por não concordar com os seus termos. Só esse fato já serviria para não acreditarmos em suas palavras amistosas.
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Lula chegou ao poder com a colaboração de muitos de seus adversários, que confiaram no discurso fácil da continuação de uma social-democracia com alternância do poder.
Os políticos imaginavam que a eleição de um ex-trabalhador, de origem humilde e conhecedor das dificuldades das classes desprotegidas, poderia manter o controle da economia e os programas sociais implantados pelo governo de Fernando Henrique. E levar o país à real social-democracia.
PublicidadeNo seu primeiro governo, Lula seguiu a cartilha deixada sobre a sua mesa e intensificou as ações sociais dando aos carentes as bolsas, as cotas e a possibilidade de um futuro melhor.
No segundo mandato resolveu, pressionado por seus experientes companheiros, colocar em prática a velha política marxista, comunista e socialista. Lula passou a controlar o povo com falácias e descobriu como fazer currais eleitorais aliado aos tradicionais da prática corrupta.
Nesse tempo foi filmado o primeiro caso de corrupção do seu governo, no valor de meros R$ 3 mil. Daí em diante, cada caso foi desvendando os porões imundos da roubalheira jamais vista em qualquer país democrático. A Constituição e as leis foram aplicadas, levando ao cárcere autoridades até então consideradas respeitáveis, apesar de seus sinais exteriores de riqueza.
Ao fim do seu mandato, Lula criou o seu primeiro poste, elegendo Dilma para guardar a sua cadeira presidencial. A presidente – incapaz de governar, pois nunca fez política – deu uma rasteira no mentor e não abriu mão de continuar no poder. A velha raposa, que na juventude não conseguiu implantar o seu sonho revolucionário, decidiu que era hora de mudar o mundo que já não mais existia desde a queda do Muro de Berlin. O seu desejo se transformou em desgraça. Foi banido do poder e, recentemente, da política. Sofreu um golpe de azar.
Na eleição presidencial, o poste na prefeitura de São Paulo é indicado pelo prisioneiro para disputar o mandato. O professor, neto de líder religioso, casado e pai de três filhos, a cada instante se diz adorador de todos os deuses, recebe o corpo e o sangue de Cristo e finge pedir proteção divina.
O outro concorrente, Jair Bolsonaro, não tem muita história para contar, pois entrou na política há muitos anos e tem sido reeleito sucessivamente, exercendo os seus mandatos de forma inexpressiva, mas com discurso inflamado e repleto de falas contra minorias. É a favor da instalação do faroeste; cada cidadão uma arma. Valoriza policiais que se dedicam a defender com a própria vida o cidadão massacrado pela violência que impera no país, dissimulada pelos programas frouxos de combate ao crime e ao tráfico de drogas. Bolsonaro defende o uso da força bruta, Fernando Haddad defende os métodos da quadrilha ainda não desbaratada.
Ganhando Bolsonaro ou Haddad, não irei para as ruas armado em defesa da democracia; irei com as armas que tenho: a Constituição, as leis e uma vontade imensa de deixar como legado um país justo, seguro, democrático e feliz. Mas também não irei com carteira de trabalho na mão, nem com a caneta e os livros das escolas do Haddad.
Do mesmo autor:
Paulo Castelo Branco é de longe o melhor colunista da casa e acerta muito mais do que erra. É o único aqui que ainda parece ter coragem e independência para criticar o PT, algo que deveria ser obrigação moral de qualquer jornalista. Muitas vezes ele apenas acerta e me limito a elogiar, mas aqui ele deu algumas derrapadas que merecem reparo:
1) Primeiro, o texto começa em tom exagerado e equivocado, comparando a situação atual com os regimes ditatoriais do passado;
2) Quem estuda o marxismo e a história do PT, jamais se deixou ludibriar por Lula e sabia que ele era um risco enorme à nossa democracia. Jamais votei neste farsante, digo com orgulho;
3) Aqui a maior falha: Haddad tem currículo profissional e intelectual de bom conceito? É sério isso? Intelectualmente o Haddad defende em todas as suas teses acadêmicas o genocídio marxista. Elogia Stálin e outros facínoras.
E profissionalmente o desastre é ainda maior, pois tudo o que ele fez deu errado. Foi Ministro da Educação e temos um dos piores sistemas educacionais do mundo. Como prefeito foi tão mal a ponto de perder a disputa da reeleição no primeiro turno com recorde de rejeição. Para não mencionar os 32 processos que tem nas costas, de improbidade a corrupção, passando por lavagem de capitais.
Não compre ele como moderado e de boa história. Ele passa essa impressão por não ser virulento, mas é um embuste e ainda mais radical que Lula, afinal estudou a distopia marxista a fundo e se viciou nela. É um militante ideológico dos mais perigosos, assumidamente socialista.
4) A afirmação de que Bolsonaro quer implantar um faroeste é outro tremendo exagero. Não acho que o Paulo seja mal intencionado, mas ele engole alguns clichês como esse sem refletir muito.
Ora, o Brasil até o Estatuto do Desarmamento por acaso era um faroeste? Estamos muito mais próximos disso hoje, com 60 mil homicídios por ano. Aliás, já li que a taxa de homicídios hoje no Brasil é estimadamente maior do que no Velho Oeste Americano (então até um faroeste seria um avanço). O que Bolsonaro defende é que, como antigamente (quando os índices criminais eram muito menores), e em respeito ao referendo popular de 2005, as pessoas que queiram ter armas em casa (posse, não porte), tenham regras mais facilitadas, de modo a se defenderem melhor. Apenas isso.