Na noite de terça-feira (27), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) dará andamento ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de ter tentado conspirar contra o sistema eleitoral por meio da reunião com embaixadores estrangeiros em 2022. A audiência será aberta com o voto do relator, ministro Benedito Gonçalves, que já anunciou que levará em consideração o histórico de ataques de Bolsonaro às urnas eletrônicas. Um levantamento da Universidade de São Paulo (USP) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV) revela que, em seus quatro anos de mandato, esses ataques foram semanais.
Entre 2019 e 2022, o Monitor do Debate Político no Meio Digital identificou um total de 183 ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral. O pico desses ataques se deu entre os meses de julho e agosto de 2021, quando acumulou um total de 80 tentativas de deslegitimar o uso da urna eletrônica. No período em questão, o ex-presidente empenhava esforços na aprovação da PEC que estabelecia o voto impresso nas eleições.
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Os principais ataques de Bolsonaro consistiam na tese de que “a urna eletrônica não é segura”, configurando 43% de seus discursos contra o sistema eleitoral. Em segundo lugar, estão os discursos alegando que “a urna não é auditável”, um total de 31% de suas falas no tema. O ex-presidente também se utilizou de 22 ocasiões para alegar falta de transparência no código-fonte das urnas.
Ao observar os discursos do ex-presidente e a forma como o tema foi tratado nas redes sociais, a equipe de pesquisadores percebeu que o momento de seus ataques coincidiu com os picos de desinformações sobre o sistema eleitoral. Também foi observada a coerência discursiva entre as declarações de Bolsonaro e as principais fake news sobre as urnas eletrônicas em circulação naqueles momentos.
O julgamento de Bolsonaro trata diretamente de um desses ataques. Em julho de 2022, uma audiência foi convocada com representantes diplomáticos de países observadores das eleições no Brasil, ocasião em que o ex-presidente tentou alimentar a ideia de que o sistema eleitoral estaria vulnerável a uma invasão hacker, de modo a deslegitimar o resultado do pleito.
Os demais ataques do mesmo ano da reunião podem influenciar o resultado do julgamento de Bolsonaro. Em fevereiro, Benedito Gonçalves afirmou que a audiência com embaixadores “deve ser analisada como elemento da campanha eleitoral de 2022, dotado de gravidade suficiente para afetar a normalidade e a legitimidade das eleições”. Nesse contexto, Bolsonaro proferiu um total de 37 discursos contra o sistema eleitoral entre o início de 2022 e a data do pleito.
PublicidadeConfira a íntegra do estudo:
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