“Toda vez que eu dou um passo o mundo sai do lugar”
Fui convidado como palestrante e participante integral do seminário “Educação na era das transições”, organizado pelo Instituto Unibanco (IU) e realizado nos dias 4 e 5 de outubro em São Paulo.
A organização impecável, um público seleto da diversidade na educação, a tecnologia e o bom gosto foram a tônica geral.
O evento reuniu especialistas, profissionais da educação, representantes do poder público, lideranças do terceiro setor e acadêmicos, incluindo equipes de educação de vários estados e a presença de quatro secretários/as de estado da educação: Vitor de Ângelo (Espírito Santo), Fátima Gavioli (Goiás), Eliana Nunes Estrela (Ceará) e Igor de Alvarenga (Minas Gerais).
O seminário colocou em debate os desafios e oportunidades para a educação em um período de múltiplas, profundas e aceleradas transições. Discutimos como as mudanças demográficas, climáticas, sociais e tecnológicas impactam a escola, os/as estudantes, os/as profissionais da educação e o processo de ensino-aprendizagem.
A programação completa está disponível aqui.
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A música “Toda vez que eu dou um passo o mundo sai do lugar” deu o tom do discurso inicial de Ricardo Henriques, superintendente executivo do Instituto Unibanco:
Me lembrou Heráclito de Éfeso, quando disse: “Nenhum homem pode banhar-se duas vezes no mesmo rio… pois na segunda vez o rio já não é o mesmo, nem tampouco o homem”.
A educação, assim como as nossas vidas, está em constante transição, e nessas transições há tensões e conflitos. E a sabedoria é entender como vamos lidar com tudo isso.
Na discussão sobre a transição demográfica, uma constatação fundamental: teremos mais idosos/as que crianças e jovens, resultado da redução das taxas de fecundidade junto com o aumento da expectativa de vida da população.
A mesa “Do mito da democracia racial ao antirracismo — onde estamos?” foi moderada por Marlova Jovchelovitch Noleto, diretora e Representante da Unesco no Brasil, e teve como palestrantes Ednéia Gonçalves (Ação Educativa); Nilma Lino Gomes (UFMG) e Zara Figueiredo, da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi/MEC). Foi uma mesa extremamente potente. Destacou-se a tensão entre quem quer manter o status quo quem quer transformar a sociedade para ser antirracista. O racismo é estrutural, tem raízes históricas.
“Da redemocratização ao populismo reacionário: desafios de Aprender a Conviver” foi o nome da mesa da qual participei, junto com Esther Solano, da USP, coautora dos livros The Bolsonaro Paradox (Springer, 2022) e The Right in the Americas (Routledge, 2023) e Telma Vinha, da Unicamp. A professora Esther fez uma análise espetacular da conjuntura no âmbito internacional e nacional, da extrema direita e do fundamentalismo religioso. Tive a oportunidade de falar sobre os ataques às minorias sociológicas, os ataques às políticas de igualdade de gênero e a destruição das políticas públicas, falando da importância de termos uma educação sem bullying, sem discriminação, sem violência, que seja acolhedora, segura e protegida, para todas as pessoas.
A transição climática nos trouxe dados preocupantes, deixando evidente que todas as pessoas e instituições devem estar juntas para a proteção do meio ambiente.
Na última mesa, o secretário da Educação do Espírito Santo, Vitor de Ângelo, trouxe a reflexão sobre “vuca” e “bani”. Antes da pandemia estávamos na vuca, agora estamos no bani. Vuca é a abreviação das letras iniciais das palavras volatility (volatilidade), uncertainty (incerteza), complexity (complexidade) e ambiguity (ambiguidade). Em resumo, esse conceito está relacionado às situações inesperadas e à rapidez com que as coisas acontecem envolvendo as pessoas e as organizações. Já o acrônimo bani significa brittle, anxious, nonlinear e incomprehensible, ou, em português: frágil, ansioso, não linear e incompreensível. O conceito passou a ser usado especialmente para descrever o panorama pós-pandemia.
Enfim, foi um momento de grande aprendizado e reflexões profundas. Fizemos muito, demos muitos passos, mas temos que fazer muito mais. Se possível, dando mais passos em parcerias com outras pessoas e instituições.
Por uma educação de qualidade, referenciada, uma educação para todas as pessoas, que acolha, proteja e seja segura. Nesse sentido, Jacques Delors nos dá um caminho, os quatro pilares da educação: aprender a conhecer, a fazer, a ser e, principalmente, a conviver com as diferenças.
Obrigado a toda a equipe do Instituto Unibanco pela oportunidade de enriquecimento pessoal e institucional.
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