Algumas conclusões que podem ser feitas após o segundo turno das eleições municipais:
– O expressivo número de pessoas que não votou nas eleições mostra grande grau de desilusão, de descontentamento, de falta de motivação, do cidadão. No segundo turno, foram mais de 10 milhões as pessoas que se abstiveram – faltaram, votaram branco ou nulo. O mundo político deveria parar de fazer cara de paisagem quanto a isso. O atual sistema está em xeque. Faz-se o círculo vicioso, a partir de um novo grau menor de tolerância com a forma como se relacionam financiadores e financiados na política: o Ministério Público e a Polícia Federal investigam e denunciam; a Justiça condena; políticos estão indo parar na cadeia ou ficam com a ficha suja; a situação se generaliza, e o eleitor se desilude. Já passou da hora de o sistema político para de fingir que isso não existe. A cada eleição, tal situação só se agrava e é preciso ser discutida uma ampla mudança.
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– Boa parte daqueles que votaram escolheram candidatos mais distantes das conformações tradicionais da política. E seus partidos. Há um grande número de prefeitos eleitos de partidos menores e menos conhecidos, como PHS, PRB, PMN… Isso igualmente é reflexo da mesma desilusão, desta vez de gente que ainda acredita no sistema, mas parece querer buscar renovação.
O terceiro nome na disputa tucana, José Serra, tem dificuldade parecida, ao perder terreno no jogo também em seu quintal, onde Alckmin hoje domina. Os prefeitos eleitos agora serão os principais cabos eleitorais na eleição de 2018.
Finalmente, há a guinada conservadora. Se o eleitor parece querer algo novo, a fragmentação pode não lhe dar essa escolha, obrigando-o a optar por alguém do campo mais tradicional que pareça mais com o perfil que ele deseja. E, nesse sentido, Alckmin parece ter o perfil mais próximo daquilo que o eleitor pareceu desejar nessa eleição municipal. Seu discurso e estilo é muito ligado a ideias de família tradicional, religião, enfim, às coisas que parecem ter ganho destaque no imaginário do eleitor agora.
Claro, tudo pode mudar até 2018. Mas as eleições municipais têm sido sempre um balizador importante do que acontece dois anos depois na disputa nacional. Por essas e outras, nessa corrida política, feita a curva à direita nessa etapa municipal, Alckmin, pelo menos por enquanto, parece liderar a corrida.
PublicidadeTexto originalmente publicado no site Bússola, do jornalista Rudolfo Lago.
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