Após a tentativa por parte dos dirigentes em tentar adiar a convenção do MDB para oficializar o nome da senadora Simone Tebet (MS) à disputa presidencial deste ano, o presidente da sigla, deputado Baleia Rossi (SP), confirmou que o evento está mantido para o dia 27 de julho, próxima quarta feira. A convenção acontecerá de forma virtual.
Ainda sem vice definido, a parlamentar deve anunciar chapa com o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).
O nome de Simone Tebet foi escolhido para um projeto de “terceira via” e mantém uma tríplice aliança com outros dois partidos: PSDB, de Bruno Araújo e Cidadania, de Roberto Freire. A aliança também era costurada com o União Brasil, que decidiu desembarcar do bloco para lançar uma candidatura “pura” à Presidência da República. Agora, o partido tem o nome do presidente Luciano Bivar para concorrer ao pleito.
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A senadora foi oficializada pré-candidata do MDB à Presidência em dezembro do ano passado. O nome dela dentro do partido, entretanto, não é consenso.
Os dissidentes da sua candidatura tentaram adiar a data da convenção para mais perto do prazo final dado pela Justiça eleitoral, em 5 de agosto, mas o presidente do partido, rejeitou a posição e manteve a data acordada com os tucanos.
Na terça-feira (19), o ex-presidente Michel Temer disse que iria propor um adiamento da data da convenção nacional do MDB, onde o partido deverá decidir sobre confirmar ou não a candidatura da senadora. A ideia era tentar encontrar uma forma de apaziguar o conflito entre os caciques do MDB.
A iniciativa de articular uma prorrogação, segundo Temer, partiu a pedido da própria liderança do partido. Além de ganhar tempo, o ex-presidente espera que o adiamento permita mudar a modalidade da convenção. “Não fazê-la virtualmente, mas presencialmente. Segundo disseram, tem sido uma tradição do nosso MDB”, explicou.
Fator Lula
Há uma ala do MDB que defende o apoio ao ex-presidente Lula, do PT, e abrir mão de Simone Tebet. É o caso do senador Renan Calheiros (MDB-AL) e do ex-senador Eunício Oliveira (MDB-CE). Nos estados dos dois senadores o ex-presidente Lula segue liderando as pesquisas de intenção de votos.
Na última segunda-feira, pelo menos onze estados de uma ala da sigla da pré-candidata declarou apoio ao petista já no primeiro turno. O anúncio foi feito pelo líder do partido no Senado Federal, Eduardo Braga (AM). Apesar disso, o presidente nacional do partido, Baleia Rossi, declarou nas redes sociais que os diretórios estaduais estão com Tebet.
“Estamos aqui representados por 11 estados e pelas lideranças das duas bancadas do MDB para dizer da nossa decisão, portanto, de caminhar com a candidatura Lula e Alckmin já no primeiro turno”, afirmou o senador Eduardo Braga (AM).
Na reunião, estavam presentes no evento o senador Renan Calheiros (AL), o governador de Alagoas, Paulo Dantas, e os senadores Veneziano Vital do Rêgo (PB), Eunício Oliveira (CE), Rose de Freitas (ES), Lúcio Vieira Lima (BA), Marcelo Castro (PI), Edison Lobão (MA), além do presidente do diretório estadual MDB no RJ, Leonardo Picciani.
Em retaliação ao apoio a Lula, o MDB publicou uma nota, um dia depois, na terça (19), assinada por dirigentes do partido em 19 estados, na qual reitera o apoio à pré-candidata da sigla.
“Em respeito ao povo brasileiro e aos filiados do MDB, nós — defensores de uma alternativa à polarização e ao populismo — ratificamos nosso compromisso de lutar pela eleição de Simone Tebet à Presidência da República”, afirmam os apoiadores de Tebet na nota.
Os caciques da sigla, no entanto, comparam a candidatura da senadora com a de Henrique Meirelles. Em 2018, o MDB lançou Meirelles à Presidência da República. No primeiro turno, ele possuiu 1,2% dos votos. Na última segunda, representantes de 11 estados se reuniram com o candidato do PT e declararam apoio para tentar vencer o presidente Jair Bolsonaro (PL) em outubro.
Dificuldade nos estados
Em estados considerados “chave”, a senadora ainda não possui apoio para formar palanque. Nesta quinta-feira (21), por exemplo, o PSDB de Minas Gerais, federado com o MDB, decidiu apoiar a candidatura a presidente do ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e descartou o apoio à Simone Tebet.
Hoje, o único pré-candidato tucano a governador que tem o apoio do MDB é Rodrigo Garcia, que tenta a reeleição em São Paulo.
Em outros diretórios, a candidata emedebista terá de dividir palanque com o União Brasil e outros candidatos que estão à frente dela nas pesquisas, como o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No Rio Grande do Sul, a divisão se repete: o ex-governador tucano Eduardo Leite declarou apoio à candidatura de Bivar à Presidência em troca da presença do União Brasil na coligação ao governo estadual.
Antes, Leite conversava com o MDB. A decisão de trocar o apoio foi causada pela demora do partido gaúcho em ratificar a aliança com o PSDB. O ex-governador Leite ofereceu a vaga de vice na chapa dele ao União Brasil, em acordo selado na última semana, em Porto Alegre.
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