Os últimos dados de monitoramento espacial da Amazônia apresentados pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe) revelam que, entre os meses de janeiro e junho de 2022, o bioma sofreu a perda de 3988 km² de vegetação. É o quarto ano seguido em que a floresta sofre com aumento dos índices de devastação no primeiro semestre desde o início da série histórica, em 2016.
Grande parte da devastação se deu apenas no mês de junho, com a perda de 1120 km² da floresta. Esse mês também foi de pico no ano anterior, quando o Inpe registrou a perda de 1061 km². Neste mês em 2022, o estado do Amazonas foi o recordista em devastação, com 401 km² de floresta derrubada. Na sequência está o Pará, com uma área de desmatamento de 381 km².
O Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), que faz o acompanhamento constante dos dados do Inpe, chama a atenção para a proporção de área pública devastada, que foi palco de 51,6% dos casos de desmatamento. Na sequência estão as florestas públicas não destinadas, com 33,2%, e então as propriedades rurais, onde ocorreu 28,3% da devastação no bioma amazônico.
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A diretora de ciência do Ipam, Ane Alencar, alerta que essa alta no desmatamento é fruto principalmente da impunidade contra atividades econômicas clandestinas na floresta. Esse fenômeno tende a se agravar nos próximos meses. “Em um ano de eleição isso se torna ainda mais preocupante, pois os esforços de fiscalização normalmente diminuem e a sensação de impunidade aumenta, deixando os desmatadores mais à vontade para avançar sobre a floresta”, explica.
Outra entidade que acompanha esses dados é a WWF, de onde a gerente de ciências Mariana Napolitano aponta para o impacto de longo prazo deixado pelo desmatamento. “A Amazônia é chave para a regulação das chuvas das quais dependem nossa agricultura, nosso abastecimento de água potável e a disponibilidade de hidroeletricidade. O roubo de terras públicas e o garimpo ilegal, que não geram riqueza ou qualidade de vida, está destruindo nosso futuro”.
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