O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Rondônia acusou hoje (25) o governo estadual de negar ajuda aos agentes do órgão incumbidos de realizar uma operação de fiscalização nos municípios de Machadinho D’Oeste e Cujubim. A operação, que deveria ser conjunta entre fiscais do Ibama e policiais civis e militares, deveria ter sido iniciada na última quarta-feira (23).
Os alvos da operação seriam o desmatamento ilegal e apreensão de madeira clandestinamente extraída, além da vistoria de planos de manejo. De acordo com o superintendente do Ibama em Rondônia, Osvaldo Pittaluga, a ordem que deixou os agentes do órgão sem a ajuda do governo partiu do próprio governador do estado, Ivo Cassol.
"Eles [comandantes da Polícia Ambiental e da Delegacia Especializada em Crimes Contra o Meio Ambiente] me disseram que haviam recebido um comando expresso do secretário-adjunto da Sedam [Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental (Sedam), Cleto Muniz de Brito] que, por ordem do governador, o pessoal do estado deveria sair da operação”, informou Pittaluga.
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Ontem (24), durante o anúncio do plano interministerial de combate ao desmatamento, a ministra Marina Silva (Meio Ambiente) acusou o governador Ivo Cassol de “retirar” o apoio ao Ministério da Saúde em relação às ações de preservação ecológica, deixando o governo “à deriva”. Hoje (25), o senador Expedito Júnior (PR-RO) saiu em defesa de Cassol e disse que Marina “nunca gostou” de Rondônia e, principalmente, do governador.
Ranking malquisto
O município de Machadinho D’Oeste figura em 32º entre os 36 relacionados pelo governo como os responsáveis por 50% do total de área devastada na Amazônia. Segundo fiscais do Ibama, são freqüentes os casos de extração clandestina de madeira na região que circunda os municípios, e de forma mais intensa nas seis reservas extrativistas e na Floresta Nacional do Jimari. Há denúncias inclusive de que alguns agentes de manejo acobertariam furtos de madeira em terras indígenas e áreas de preservação.
Diante dos perigos inerentes às atividades extrativistas – que geralmente envolvem grande movimentação de dinheiro –, os fiscais do Ibama, segundo Pittaluga, sentem-se desprotegidos pelos órgãos de segurança competentes. “Sem reforço policial, nosso pessoal corre risco de morte em Rondônia”, disse o superintendente do Ibama.
Durante a tarde de hoje (25), o Congresso em Foco tentou entrar em contato com o governador Ivo Cassol, mas ele não foi localizado. Segundo a Agência Brasil, ele negou informações de que o governo estaria estimulando as irregularidades, e acusou perseguição ao estado.
"Alguns desses ficais [do Ibama] estão soltando autos de infração irregulares e abusivos e dizendo que quem está mandando fazer isso é o estado de Rondônia. Isso não é verdade. Eles que façam o trabalho deles e nós façamos o nosso. Eles querem desestabilizar o estado de Rondônia para acobertar o Pará, o Acre e outros estados", denunciou Cassol. (Fábio Góis)
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