No próximo domingo, 144.088.912 eleitora/es (52% mulheres) serão chamados às urnas para eleger 5.568 prefeito(a)s e 57.958 vereadore(a)s. Para as câmaras municipais, nada menos que 463.356 pessoas se candidataram, por 32 legendas, coligadas ou não. Média de 8 disputantes por vaga. Nas cidades médias e grandes a competição é mais acirrada. No Rio, por exemplo, com seus 1.597 candidato/as a vereador/a, a proporção é de 31,3 por cada uma das 51 cadeiras! A grandeza dos números poderia indicar que temos a maior democracia de base do mundo.
Não é bem assim. Democracia plena, da qual estamos distantes, pressupõe muitos outros elementos.
Cito alguns, que me parecem os mais importantes: 1) a consciência política do eleitorado, derivada da informação democrática, da educação de qualidade e da formação cidadã, através da qual cada um se sente parte do todo e responsável por ele, negando a indução ao individualismo que o sistema propaga; 2) partidos políticos ideológicos, doutrinários, programáticos, com visão de mundo e projeto de sociedade, além de propostas para o exercício de mandatos executivos e legislativos transparentes e participativos, voltados para o interesse público e não para amealhar bens particulares; 3) candidaturas que busquem representar e não substituir os eleitores, casando trajetórias pessoais honestas e coletivas com projetos partidários claros e assumidos, sem folhetos que escondam as legendas e intenções de ascensão pessoal, e até, como é comum, com mensagens mentirosas do “eu resolvo” ou da omissão do(a) candidato(a) a prefeito(a); 4) um sistema eleitoral – esse que são alterados a cada pleito – que garanta igualdade de oportunidades a quem está na disputa, sem as discrepâncias imensas do espaço em TV e rádio e o continuado abuso do poder econômico e das máquinas administrativas.
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Sonhando com a democracia real – combinação da representativa com a participativa e a direta – devíamos ir às urnas para votar em… nós mesmos! Acredito fazer assim, mesmo quando não sou candidato, o que aconteceu na maioria das vezes em que exerci esse direito duramente conquistado, há décadas. Votamos em nós mesmos quando escolhemos com muito critério nossos candidatos, para que eles se empenhem de fato por tudo o que desejamos: uma sociedade mais igualitária, fraterna, justa, ambientalmente equilibrada. Seja no plano municipal, estadual, nacional ou mesmo planetário.
Votar em si mesmo é não encerrar nosso gesto, de teclar e confirmar em poucos segundos, naquele momento. É depois acompanhar os eleitos e querê-los sempre decentes e presentes, juntos às lutas cotidianas de nossa gente.
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