Não havia outra saída para o ex-prefeito Fernando Haddad que não fosse negar a possibilidade de construção de uma chapa com Ciro Gomes. O Diretório Nacional do PT acabou de aprovar uma resolução reafirmando que o partido marchará com Lula até o fim.
O Partido dos Trabalhadores se preocupa com a sinalização que poderia ter a especulação em torno de uma alternativa a Lula neste momento. Não quer deixar transparecer a ideia de abandono do ex-presidente. Atua para fortalecer a resistência à prisão absurda e deposita algumas fichas num improvável milagre que viabilize sua candidatura.
O segredo da política está na interpretação de gestos, dos movimentos ocultos e das jogadas futuras.
Haddad afirmou recentemente que o plano B do PT é apoiar uma candidatura de outro partido. Uma candidatura própria com outro nome da legenda seria o plano C. O fato é que não existe no partido um substituto natural do ex-presidente.
O ex-prefeito não possui força na máquina partidária. Nasceu por fora da estrutura, como poste de Lula, e assim continua até hoje. Inteligente, não é razoável imaginar que faria um movimento de aproximação com Ciro desconectado do que pensa Luiz Inácio.
O encontro entre Ciro, Haddad, Bresser Pereira e Delfim Netto é muito bem-vindo. Assim como as presenças de Manuela e Boulos nos atos de São Bernardo contribuem com o esforço de construção da unidade de um campo de centro esquerda.
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Apesar da negativa pública, a presença de Haddad foi um imenso “sim”.
As pesquisas divulgadas recentemente dão pistas do que deve ser feito. Nas projeções de segundo turno, Bolsonaro ganha fácil das alternativas petistas, Wagner e o próprio Haddad. E empata com Ciro.
Junho de 2013 e as eleições de 2014 empurraram a esquerda brasileira para 20% do eleitorado. “Voltamos para São Bernardo.” Valentes, aguerridos, mas temos que reconhecer: “Nós com nós mesmos”. Lula é o único da esquerda tradicional que consegue ir além. Não está preso por acaso. Precisamos ampliar, por menor que seja esta ampliação.
A fragmentação da esquerda é o caminho mais curto para uma derrota acachapante. O PT sozinho pode chegar ao segundo turno com um nome alternativo? Não será fácil, mas é possível. Chegando, todas as pesquisas indicam que a chance de vitória de um petista são mínimas.
Lula precisa ganhar as eleições. Sua liberdade está diretamente ligada à possibilidade de uma virada na conjuntura. Marcar posição pode servir para eleger alguns parlamentares, mas será péssimo para o ex-presidente.
Que outros encontros como esse ocorram, envolvendo não só Ciro e Haddad, mas incorporando também os demais candidatos progressistas, personalidades da sociedade civil e do campo nacional desenvolvimentista.
Unidade, unidade e unidade. Este é o verdadeiro caminho para liberdade de Lula.
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