Carolina Venuto e Paulo Castelo Branco*
Os últimos acontecimentos na capital federal causaram espanto a todos na noite do dia 8 de janeiro, com as manifestações antidemocráticas e a depredação dos prédios públicos que abrigam os Três Poderes da República. Os atos criminosos, que são um ataque direto à Constituição e ao Estado Democrático de Direito, inflamaram os ânimos e os discursos agressivos da população, especialmente nas redes sociais. A postura necessária, entretanto, é outra.
Como profissionais de relações institucionais e governamentais (RIG), cuja premissa é a defesa de interesses e o relacionamento com os entes públicos, é preciso agir com temperança e vigilância. O momento que temos vivido tem nos cobrado – e ainda nos cobrará – bastante responsabilidade, por isso, saber conviver e se manifestar com respeito ao próximo e às autoridades do nosso país é o que se espera de nós.
Em ocasiões tão sensíveis como essa, vemos a importância da nossa atividade para o processo democrático de todo e qualquer país. A atuação de RIG é pautada no direito à petição, que assegura a todo cidadão o direito de requerer atenção aos poderes públicos (inciso XXXIV do Artigo 5º da Constituição Federal de 1988). Os profissionais de Relações Institucionais e Governamentais são, portanto, responsáveis por promover o diálogo entre os diversos atores econômicos e sociais e as autoridades do poder público constituído, além de atuar na tradução da conjuntura política, no esclarecimento de seus processos e na conciliação de interesses.
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É, também, premissa básica da atuação profissional em RIG o respeito às legislações, às entidades e aos órgãos públicos, bem como o compromisso com a verdade. Conforme estabelece a Prática Recomendada – autorregulamentação elaborada por meio da parceria entre a Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais (Abrig) e a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) –, os agentes de RIG devem prezar pelo compartilhamento de informações precisas e fidedignas, a fim de evitar a disseminação de fake news e a indução ao erro em qualquer etapa de sua atuação na defesa de interesses legítimos.
As relações institucionais e governamentais são diretamente afetadas pelo cenário político e suas consequentes mudanças. Neste período pós-transição de governo e com a crescente polarização política, sobretudo após os últimos acontecimentos em Brasília, precisamos reforçar a postura ética, íntegra e transparente que a atividade requer, princípios fundamentais estabelecidos no Código de Ética e de Conduta da Abrig – documento que orienta a atuação dos associados não só no mercado de RIG, mas também na convivência dentro da associação.
Como representantes da Abrig, entidade que representa os profissionais de RIG no Brasil, reconhecemos que um de nossos papéis é contribuir com a pacificação da sociedade como um todo, sem calar ou responder com mais excesso às manifestações que por si só já são agressivas, seja no meio pessoal, seja no relacionamento entre o público e o privado.
* Carolina Venuto é presidente da Abrig. Já Paulo Castelo Branco é presidente do Conselho de Ética da Abrig.
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