O jornal inglês The Guardian publicou nesta sexta-feira (10) um artigo que o ex-presidente Lula e o ex-chanceler brasileiro Celso Amorim escreveram sobre a recente escalada da tensão no Oriente Médio. No artigo, os petistas dizem que os Estados Unidos violaram leis internacionais ao atacar o Irã e afirmam que é lamentável que o presidente Jair Bolsonaro apoie esse ato que pode pôr em risco a paz mundial. Para eles, Bolsonaro está levando o Brasil para uma guerra que não é sua.
Leia também
> EUA pedem cuidados extras dos americanos que vivem no Brasil
No texto, Lula e Celso Amorim dizem que uma possível guerra entre os Estados Unidos e o Irã pode ter impactos em todo o planeta e lembram que a sociedade civil sempre sai perdendo em conflitos bélicos como esse. Por isso, pedem prudência e paz dos líderes mundiais, sobretudo do presidente brasileiro.
“É profundamente lamentável que o presidente brasileiro Jair Bolsonaro, impulsionado por uma ideologia agressiva de extrema direita e uma vergonhosa subserviência ao atual presidente dos Estados Unidos, adote uma postura contrária à Constituição brasileira e às tradições de nossa diplomacia, endossando o ato da guerra de Trump, justo no início do ano em que ele concorrerá à reeleição”, afirmam Lula e Celso Amorim.
Eles ainda dizem que se “ignora os danos humanitários causados pela guerra”, Bolsonaro deveria levar em conta pelo menos o impacto humanitário de uma guerra como essa, além das relações comerciais que o Brasil mantém com o Irã e trazem cerca de R$ 2 bilhões por ano para o país. “Acima de tudo, ele deve se preocupar com a segurança do nosso país e do nosso povo, que estão sendo pressionados a apoiar uma guerra que não é deles”, destacam.
> Brasil em meio à crise dos EUA e Irã
PublicidadeLula e Celso Amorim defendem, então, que o Brasil retome a tradição diplomática do diálogo. “Neste momento crítico para a humanidade, o Brasil deve demonstrar mais uma vez o que realmente é: um país soberano, defensor da paz e da cooperação entre os povos, admirado e respeitado no mundo”, defendem o ex-presidente e o ex-chanceler, que dizem ter trabalhado dessa forma ao ajudar a costurar o acordo nuclear do Irã com os Estados Unidos no início dos anos 2000.
A íntegra do artigo publicado pelo The Guardian foi publicada pelo próprio Lula em suas redes sociais. Veja:
Na guerra, alguns sempre ganham e outros sempre perdem. Artigo publicado hoje em conjunto com o chanceler Celso Amorim, no britânico @guardian: https://t.co/K7MXB1klYJ
— Lula (@LulaOficial) January 10, 2020
Antes desse artigo, Lula e o Celso Amorim já haviam criticado o posicionamento adotado pelo governo de Jair Bolsonaro diante dos ataques entre os Estados Unidos e o Irã. Eles afirmaram que o Brasil aceitando de forma subserviente as decisões e o pré-julgamento do presidente americano, Donald Trump, sobre o Irã.
Celso Amorim acrescentou que essa postura rompe a tradição diplomática brasileira, além de colocar em risco a segurança dos brasileiros que vivem no Oriente Médio e a continuidade dos negócios do agronegócio brasileiro. Veja aqui a avaliação do ex-chanceler.
Já Lula chegou a mandar um recado para Bolsonaro, dizendo que o Brasil não precisava ser “lambe-botas” de ninguém. Ele ainda disse que essa “subserviência” contrariava o discurso de soberania de Jair Bolsonaro. Veja aqui a entrevista de Lula.
> “Os EUA não podem ficar aqui”, diz chanceler do Irã
> Trump responde Irã: “As forças americanas estão preparadas para tudo”