O embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zohar Zonshine, afirmou nessa quarta-feira (8) que Israel, que está há um mês em guerra com o Hamas, não tem interesse em atrasar a saída de brasileiros que estão na Faixa de Gaza e aguardam desde o começo do conflito autorização para deixar o local. A declaração do embaixador ocorre diante de um desconforto criado entre as diplomacias do Brasil e de Israel com relação à demora na retirada do grupo.
“O Hamas é o único fator atrasando a saída dos brasileiros de Gaza por seus próprios interesses. Estamos em guerra total contra uma organização terrorista, que repetidamente espalha desinformação para continuar criando terror. O Estado de Israel não possui interesse algum em atrasar a saída dos brasileiros ou de estrangeiros de qualquer outra nacionalidade”, afirmou o embaixador.
A demora na liberação dos brasileiros tem causado estranheza e levando suspeitas de que esteja relacionado à postura do Brasil no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Durante o mês de outubro, enquanto presidia o colegiado, o governo brasileiro apresentou várias versões de uma resolução pedindo imediato cessar-fogo na região, medida vetada pelos Estados Unidos, principal aliados dos israelenses. Os palestinos acusam Israel de promover um genocídio ao bombardear alvos indistintamente.
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Zonshine, que já fez críticas ao governo Lula por causa de seu posicionamento em relação à guerra no Oriente Médio, reuniu-se ontem na Câmara com a bancada do PL e o ex-presidente Jair Bolsonaro, figura que tem relação de proximidade com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. No encontro, segundo participantes, o diplomata apresentou vídeos de ataques terroristas a Israel.
A Polícia Federal deflagrou nessa quarta-feira uma operação que prendeu dois brasileiros suspeitos de ligação com o grupo terrorista Hezbollah, do Líbano. As prisões foram objeto de agradecimento público de Netanyahu. Segundo a PF, a Operação Trapiche foi deflagrada para interromper atos preparatórios de terrorismo e obter provas de possível recrutamento de brasileiros para atos extremistas no país.
Ainda ontem pela manhã, os 34 brasileiros na Faixa de Gaza receberam uma mensagem da Embaixada do Brasil na Palestina afirmando que a saída do território deveria acontecer nesta quinta-feira (9), o que não se concretizou até o momento. De acordo com Israel, a cota para sair da Faixa de Gaza é determinada pelo Egito. De acordo com a relação, algumas centenas de estrangeiros recebem permissão para sair a cada dia. No último domingo, a fronteira entre os dois países chegou a ser fechada por algumas horas, sendo depois reaberta para a retirada de limitado número de pessoas.
Publicidade“O Hamas está fazendo uso cínico da população civil estrangeira no meio da guerra e impediu estrangeiros de saírem no domingo, na segunda-feira e na quarta-feira desta semana. O Estado de Israel está empregando esforços para evacuar todos os estrangeiros de vinte países diferentes e para aumentar a cota de forma a compensar o atraso causado pelo Hamas”, afirmou o embaixador de Israel no Brasil.
O governo brasileiro tem tentado a negociação diplomática para garantir a retirada dos brasileiros do local. Na semana passada, o chanceler, Mauro Vieira, conversou com o ministro de Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, e afirmou que obteve dele a garantia de que os brasileiros poderão cruzar a fronteira. Ainda assim, os brasileiros seguem fora da lista de pessoas autorizadas a deixar Gaza, na fronteira com o Egito.
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