O jornal britânico Financial Times, uma das principais publicações de negócios do mundo, publicou editoral nesta terça-feira (28) em que afirma que o presidente Jair Bolsonaro está reunindo as condições para seu próprio impeachment.
“Amante de teorias da conspiração, Bolsonaro acusou repetidamente os oponentes de conspirar para derrubá-lo. A realidade é que o presidente do Brasil está justificando seu impeachment sozinho”, diz o editorial – publicação que expressa a opinião do veículo.
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Chamando o brasileiro de ‘Trump dos trópicos’, em referência ao presidente americano, Donald Trump, a publicação diz que Bolsonaro parece decidido a se juntar a seus antecessores no chamado ‘hall de horrores’ dos presidentes brasileiros. Segundo o jornal, desde o retorno à democracia, em 1985, apenas o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso deixou a Presidência com a reputação intacta.
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Para o Financial Times, a saída de Sérgio Moro do governo é bastante séria porque ele era tido como um herói pela base conservadora do presidente e também pela suposta problemática que envolve a interferência política de Bolsonaro na Polícia Federal. O jornal cita, ainda, as suspeitas de que as manobras de Bolsonaro na corporação visavam proteger seus filhos de processos referentes a financiamento ilegal de campanhas e ligações com as milícias.
“Se comprovadas, as alegações explosivas de Moro podem constituir motivos de impeachment. Elas desencadearam a pior crise política do Brasil desde que Dilma Rousseff sofreu impeachment em 2016”, diz o texto.
O jornal também classifica Bolsonaro como apostador de longa data e afirma que ele apostou cada vez mais ao negar a seriedade do coronavírus. “O Brasil testou tão pouco que os números oficiais não são confiáveis, mas mesmo esses mostram a infecção se espalhando rapidamente. O pico ainda está por vir e o sistema público de saúde já está com dificuldades”, alerta.
Em referência ao conto O Médico e O Monstro, o jornal afirma que a faceta do monstro assumiu a administração pública. De acordo com o editorial, o sentimento positivo angariado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, evaporou e deu lugar a uma crise que possui três faces: uma profunda emergência de saúde pública, uma profunda recessão econômica e uma calamidade política.
Sobre a situação econômica brasileira, a publicação frisa que a alta dependência das commodities torna a economia do país vulnerável. O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que o PIB do Brasil vai encolher 5,3% este ano, número muito pior do que o da África subsaariana.
“Por enquanto, seus principais apoiadores mantêm adesão a ele [Bolsonaro]. Mas antigos apoiadores do Exército estão ficando desconfortáveis”, continua o texto, pontuando, também, que o Congresso está começando a agir e lembrando que há rumores de saída de outros ministros.
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