A possibilidade de um segundo mandato presidencial de Donald Trump, hipótese que as pesquisas eleitorais indicam como bastante plausível, preocupa integrantes da cúpula militar brasileira. Entendem eles que um desdobramento natural da eventual vitória de Trump seria uma forte aproximação entre Estados Unidos e Argentina, dadas as afinidades ideológicas entre o ex-presidente estadounidense e o recém-empossado chefe de Estado argentino, Javier Milei.
Parte da tranquilidade que as Forças Armadas nacionais cultivaram nas últimas décadas em relação ao vizinho do Sul tem a ver com a clara superioridade brasileira na área militar. Uma eventual parceria Trump/Milei nesse campo poderia mudar radicalmente esse estado de coisas por meio de investimentos massivos nas depauperadas forças de defesa argentinas, contribuindo para a aquisição de equipamentos, atividades de treinamento e para a doutrinação das tropas.
Leia também
Desconfianças em relação à nação vizinha acompanham a história das nossas Forças Armadas desde seus primeiros dias de existência. Coube aos então presidentes José Sarney e Raúl Alfonsín, na segunda metade dos anos 1980, desestressar as relações, iniciando os entendimentos que permitiriam aos seus sucessores criar em 1991 o Mercado Comum do Sul (Mercosul).
Jamais, porém, o alto oficialato de lá e de cá rompeu completamente com a longa herança das suspeitas mútuas. A distribuição do efetivo militar do Brasil fala por si. Com área correspondente a 7% do território nacional, a região Sul concentra 16,5% de todo o efetivo das Forças Armadas. O Norte, com a Amazônia e 45% do território, tem 11%.
Deixe um comentário