Nesta última quarta-feira (25), a candidata que alcançou o terceiro lugar nas eleições presidenciais da Argentina, Patrícia Bullrich, manifestou formalmente seu apoio ao candidato de extrema-direita Javier Milei, que compete no segundo turno contra o peronista Sergio Massa. Apesar de ter recebido votos em peso em sua campanha, o seu posicionamento não é suficiente para garantir a vitória de seu novo aliado, conforme explica o cientista político Bruno Marcondes, especializado em instabilidade política na América Latina.
Massa e Milei concluíram o primeiro turno com uma pequena margem de diferença: o primeiro com 36% de votos, e o segundo com pouco menos de 30%. Essa margem, porém, aumenta diante da rejeição de Milei no eleitorado dos demais candidatos, em sua maioria com perfil de centro-esquerda, com expectativa de garantir ao peronista ao menos 40% de votos no segundo turno para a presidência da Argentina.
Ao contrário dos demais candidatos eliminados, que receberam pequenas margens de votos, Bullrich conseguiu alcançar um resultado competitivo, acumulando 23% dos eleitores no primeiro turno, pouco mais do que o necessário para garantir uma vitória para Javier Milei em caso de transferência total de votos. Marcondes, porém, conta que esse cenário tende a não acontecer tendo em vista o próprio perfil de sua plataforma.
“A coalizão Juntos por el Cambio, por onde a Patrícia Bullrich concorreu, é formada por dois partidos: o PRO, formado por Maurício Macri na década de 2010, e a União Cívica Radical, um partido centenário. Esses dois partidos são muito diferentes ideologicamente: o primeiro alinhado à centro-direita, e o segundo à centro-esquerda”, relatou o especialista.
A própria Patrícia Bullrich representa a corrente política iniciada por Macri, adepta de um modelo econômico liberal e capaz de chegar a alguma margem de consenso com Milei. Isso, porém, não se reflete para todo seu partido. “Os votos que ela recebeu não foram para a figura pessoal dela, e sim para o movimento Juntos Por El Cambio. Isso significa que, muito provavelmente, boa parte dos votos que ela recebeu estão alinhados à centro-esquerda, e não vão se juntar ao Milei de forma alguma”, explicou o cientista.
Apesar de não eliminar de forma definitiva a vantagem inicial de Sergio Massa nas eleições presidenciais da Argentina, Bruno Marcondes alerta que o apoio de Bullrich aumenta o impasse sobre o resultado da disputa. “Essa eleição continua uma incógnita. É muito difícil, praticamente impossível dizer quem está na frente. O Massa está na vantagem por tirar mais votos no primeiro turno. Por outro lado, o Milei não deixa de ter um apoio expressivo da Patrícia Bullrich, mas que não é algo que vá definir a eleição por completo”.
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