por Diego Wen*
Num mundo cada vez mais interconectado e globalizado, as relações internacionais desempenham papel fundamental na manutenção da paz, da justiça e da estabilidade mundial. No entanto, recentemente, fomos testemunhas de condutas que colocam em risco esses valores essenciais. Refiro-me à aceitação por parte do Parlamento Centro-Americano (Parlacen) da China como observadora permanente, em detrimento de Taiwan.
Essa decisão, por mais que seja um direito soberano do Parlacen, não pode ser ignorada em sua relevância geopolítica e nas implicações que carrega no que reside aos princípios democráticos e dos direitos humanos que defendemos. A inclusão da China como observadora permanente num órgão internacional, ao passo em que se exclui Taiwan, merece reflexão urgente e crítica.
Taiwan, nação democrática e progressista, tem buscado, ativamente, contribuir para a comunidade internacional, com base nos valores de liberdade, de justiça e de respeito pelos direitos individuais. Conceder à China o status de observadora permanente em detrimento de Taiwan, não apenas nega a contribuição legítima da nação insular, como, também, levanta questões sobre o compromisso da comunidade internacional com compromissos que julgo fundamentais.
A questão, aqui, não é apenas sobre representação política. É, sobretudo, quanto à defesa dos direitos das nações soberanas e à manutenção de um ambiente internacional baseado em normas democráticas.
A ditadura chinesa, infelizmente, tem um histórico de desrespeito aos direitos humanos, à liberdade de expressão e à autonomia das nações. Logo, aceitar a China como observadora permanente, sem considerar suas práticas autoritárias, é um passo na direção errada.
PublicidadeO Parlacen, como qualquer órgão internacional, tem a responsabilidade de promover os valores universais de respeito pelos direitos humanos, pela justiça e pela democracia. Concordar que a China se torne observadora permanente em detrimento de Taiwan coloca em dúvida a capacidade do órgão na manutenção da integridade destes princípios.
Desta forma, precisamos refletir sobre como esta providência impacta a credibilidade do Parlacen como um fórum que deve representar e proteger os interesses de todas as nações.
A ação tomada pelo Parlacen também deve nos fazer questionar os compromissos e os valores pelos quais os países estão dispostos a se levantar e a lutar. A democracia, afinal, não é apenas uma forma de governo. É um conjunto de valores e de direitos fundamentais que devem ser protegidos e promovidos. E, convenhamos: excluir Taiwan em favor da China não está alinhado a estes valores.
Enquanto representante de Taiwan no Brasil, sinto a responsabilidade de destacar a importância de considerar as implicações mais amplas de nossas decisões internacionais. Mas ainda está em tempo de o Parlacen corrigir essa situação e reafirmar seu compromisso.
É fundamental que continuemos a defender os princípios democráticos e de direitos humanos que são a base de nossa sociedade internacional. A exclusão de Taiwan em favor da China não deve ser aceita como uma norma, mas, sim, como uma lição sobre a importância de permanecermos vigilantes na defesa do que acreditamos.
Em última análise, o que está em jogo não é apenas a representação de Taiwan, mas a defesa dos princípios que sustentam nossas sociedades e o nosso mundo.
* Diego Wen é representante de Taiwan no Brasil
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