Em um depoimento de mais de 50 minutos, todo gravado, ao qual o Congresso em Foco teve acesso, o ex-advogado da Odebrecht Rodrigo Tacla Duran fez em pelo menos três oportunidades acusações diretas de extorsão contra o senador Sérgio Moro (União-PR) e o deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) quando, eram, respectivamente, juiz e procurador da Operação Lava Jato. O depoimento foi concedido ao juiz federal Eduardo Fernando Appio, na tarde de segunda-feira (27).
O processo em questão investiga esquema de pagamento de propina a políticos por parte da empreiteira, uma das principais estruturas de corrupção descobertas pela Operação Lava Jato.
“O que eu estou querendo demonstrar para Vossa Excelência é que essa situação é uma prática comercial. Corriqueira, imposta e provavelmente até pouco tempo. Eu não cedi porque eu nunca admiti criminalizar a advocacia e minha profissão. Eu não entreguei cliente meu e não iria entregar. E esse é o problema”, disse o advogado.
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Confira os momentos:
O advogado afirmou à Justiça que tem provas de que pagou US$ 613 mil a advogados ligados à advogada e hoje deputada federal Rosângela Moro (União-SP), esposa de Sergio Moro. “O que eu ‘tô’ querendo mostrar à Vossa Excelência é que essa situação era uma prática comercial, corriqueira, imposta. Que provavelmente durou até pouco tempo, se não agora”, destacou Tacla.
O depoimento foi prestado à 13ª Vara Federal de Curitiba e conduzido pelo juiz federal Eduardo Fernando Appio. O processo em questão investiga esquema de pagamento de propina a políticos por parte da empreiteira, uma das principais estruturas de corrupção descobertas pela Operação Lava Jato.
Remetido ao STF
Por conta das acusações envolverem dois parlamentares federais, que contam com foro privilegiado, o juiz determinou que as investigações fossem remetidas ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski.
“Diante da notícia crime de extorsão, em tese, pelo interrogado, envolvendo parlamentares com prerrogativa de foro, ou seja, deputado Deltan Dallagnol e o Senador Sérgio Moro, bem como as pessoas do advogado Zocolotto e do dito cabo eleitoral Fabio Aguayo, encerro a presente audiência para evitar futuro impedimento, sendo certa a competência exclusiva do Supremo Tribunal Federal, na pessoa do Excelentíssimo Senhor Ministro Ricardo Lewandowski, juiz natural do feito, porque prevento, já tendo despachado nos presentes autos”, despachou Appio.
Proteção a testemunhas
Tacla Duran também foi incluído no programa de proteção a testemunhas “por conta do grande poderio político e econômico dos envolvidos”. “Toda e qualquer medida somente será apreciada por este Juízo Federal em caso de risco concreto à visa e/ou segurança das testemunhas e autoridades envolvidas”, afirmou o magistrado.
Por meio de nota encaminhada ao Congresso em Foco, Sérgio Moro afirmou que as acusações de Tacla Duran são falsas e que as chamadas provas que o advogado teria entregado à Justiça foram fabricadas. Rosangela Moro também rebateu as denúncias, afirmando que “as informações não são verídicas” e que o advogado é “uma pessoa que faz acusações falsas, sem qualquer prova”.
Já Dallagnol se manifestou pelo Twitter, e fez críticas ao juiz responsável pelo caso.
“Adivinha quem acreditou num dos acusados que + tentou enganar autoridades na Lava Jato? Ele mesmo, o juiz lulista e midiático Eduardo Appio (+ conhecido como LUL22), que nem disfarça a tentativa de retaliar contra quem, ao contrário dele, lutou contra a corrupção”, disse.