João Capiberibe *
Não surpreende ninguém a manchete: “Sueli Pini, Ivana Cei, Roberto Alvares e Camilo Capiberibe são réus em ação penal no STJ”, estampada no jornal A Gazeta, tido e havido como correia de transmissão do pensamento político e dos interesses de Sarney no Amapá.
Identifiquei a ponta do iceberg. O autor da ação, segundo a matéria, foi o desembargador Constantino Brahuna, afastado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Esse magistrado, ainda na ativa, como relator, deixou de movimentar por mais de um ano alguns processos da Operação Eclésia. E agora volta à linha de frente, acusando exatamente os que combatem sem trégua a corrupção no estado.
Afinal o que pretende com tal atitude? Talvez embolar o meio de campo, e mais uma vez retardar os julgamentos da Eclésia, que estão em curso no Tribunal de Justiça do Amapá (TJ-AP), cujos réus são políticos importantes que, se condenados – e tudo indica que o serão –, passarão uma longa temporada na cadeia. Esses julgamentos, uma vez concluídos, dão um freio de arrumação no Judiciário amapaense e fincam um marco definitivo na luta contra a impunidade.
A estratégia é clara: a melhor defesa é o ataque. Tentam desqualificar e desacreditar as principais autoridades do Poder Judiciário e do Ministério Público – exatamente as que, de maneira inédita, cumprem com suas funções e obrigações de aplicar a lei sem olhar a quem. E para dar amplitude e estimular a desconfiança em relação à Justiça, politizam trazendo, sem qualquer fundamento, o ex-governador à lide. Uma estratégia diabólica, ao estilo do crime organizado.
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Em uma sociedade de valores políticos invertidos, se não houver quem levante a voz e denuncie essas manobras absurdas, criminosas, elas encontrarão eco, e o lado da Justiça e da lei pode se fragilizar. É disso que se trata! Não podemos nos permitir correr esse risco.
Publicidade* Senador pelo PSB do Amapá, é líder da bancada no Senado.
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